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porto velho, quarta-feira 27 de novembro de 2024
Recém-chegado à presidência nacional do PSDB, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo diz que caberá ao partido quebrar a polarização nacional em muitas das cidades nas quais tiver candidatura própria.
Em termos práticos, significa não ter restrições a alianças nem com o PT de Luiz Inácio Lula da Silva nem com o PL de Jair Bolsonaro, e dar prioridade à principal missão da sigla em 2024: recuperar as prefeituras perdidas, tanto em quantidade quanto em qualidade.
Quatro anos atrás, os tucanos venceram na maior capital brasileira – Bruno Covas foi reeleito em São Paulo, mas morreu em maio de 2021 e a prefeitura ficou para Ricardo Nunes (MDB) –, somaram o segundo maior volume de votos e chegaram a 530 vitórias nas urnas.
De lá para cá, porém, o PSDB viu centenas de prefeitos deixarem a sigla e ainda é incerto se o partido terá candidato na capital paulista ou se apoiará Nunes ou a deputada Tabata Amaral (PSB).
"O PSDB perdeu prefeitos, especialmente em estados onde a gente governava. Como é o caso de São Paulo, houve isso no passado também em Goiás, mas as eleições agora apontam um novo cenário, e a ideia é partirmos do número de prefeitos que temos e termos um número maior", disse Marconi Perillo.
Quais são as metas do partido para as eleições municipais, tanto em número de prefeituras quanto em total de votos? E em número de vereadores?
Nossa meta é trabalhar para repetir o número de prefeitos e vereadores que fizemos nas eleições passadas, lançar candidatos a prefeituras entre oito e dez capitais, e candidatos em cidades de tamanho relevante. Mas também em cidades médias e pequenas. Além disso, vamos buscar atrair jovens, lideranças novas, para disputar e defender os projetos, as ideias-força e as propostas do PSDB, lembrando também do nosso legado.
Quantas capitais o partido espera governar após as eleições municipais?
Em relação às capitais, o PSDB vai disputar, provavelmente, em Porto Alegre, Curitiba, Vitória, Goiânia, Campo Grande, Cuiabá, Recife e talvez em Manaus, Belém e Palmas. Pode ser que a gente tenha candidato no Rio e em Belo Horizonte e São Paulo. Estamos estudando.
Na sua opinião, as eleições municipais vão manter a polarização vista no nível nacional, com o presidente Lula e aliados de um lado e o ex-presidente Jair Bolsonaro e apoiadores do outro?
Caberá ao PSDB, que está situado no centro democrático, tentar quebrar em muitos lugares essa polarização. As eleições municipais têm características muito locais. Os problemas locais se sobrepõem muitas vezes às questões e aos embates nacionais, à polarização nacional. Eu acho que a receita é que os candidatos se envolvam com as questões do dia a dia, com as propostas, os projetos que possam mexer com a vida do cidadão. Com isso, o foco acaba sendo local, e menos nacional.
O partido terá resolução ou critérios obrigatórios para se firmar alianças nas principais cidades do país? Haverá veto a algum partido, como o PT?
O PSDB não adotará qualquer tipo de restrição a alianças, esse será um assunto tratado localmente. Essa é a minha opinião, salvo o melhor juízo ou se houver alguma provocação à Executiva Nacional.
Algum candidato do partido poderá receber apoio do ex-presidente Bolsonaro? E do presidente Lula?
É impossível fazer uma previsão se haverá apoio desse ou daquele líder a um candidato nosso. A gente vai apoiar candidaturas que tenham compromisso com a democracia, com as liberdades, com a justiça social, com um programa de gestão ética e eficiente. Agora, ninguém pode recusar apoios, salvo se for o apoio de alguém do crime organizado, algum bandido. Aí, sim, haveria restrição.
O PSDB viveu, de 2020 para cá, provavelmente uma das maiores debandadas de prefeitos que se tem registro. Quais serão as estratégias para reverter nas urnas essa tendência? O partido vai buscar lançar o maior número possível de candidaturas, ou só vai apoiar candidaturas competitivas?
O PSDB perdeu prefeitos, especialmente em estados onde a gente governava. Como é o caso de São Paulo, houve isso no passado também em relação a Goiás, mas as eleições agora apontam um novo cenário e a ideia é partirmos do número de prefeitos que temos e termos um número maior.
Em São Paulo, por exemplo, fomos reduzidos a vinte e poucos. A ideia é fazermos um número mais expressivo de cidades importantes. É muito natural, em todos os estados, que os governantes de plantão, os governantes que ganham, atraiam para o guarda-chuva do poder prefeitos, especialmente de cidades menores, em busca de verbas, emendas, empregos e espaços. Muitos, inclusive, fazem isso com boas intenções. Infelizmente, essa é uma prática, e a falta de uma coerência e de fidelidade partidária estabelecida em lei acaba abrindo as portas e as janelas para que esse fenômeno ocorra.
Na sua opinião, o quanto as eleições municipais deste ano serão determinantes para as eleições de 2026, seja na disputa pela Presidência e por governos estaduais, seja na formação das bancadas na Câmara dos Deputados?
As eleições municipais têm uma importância relativa em relação às eleições de 2026. Claro que não deixam de ser importantes para referenciar o projeto futuro, mas as eleições municipais guardam características muito específicas, muito próprias, muito locais.
Nas eleições municipais, as discussões giram em torno de problemas do bairro, da rua, do quarteirão, os problemas do lixo, do transporte urbano, da zeladoria. O debate estadual e nacional tem um outro viés. Então, eu acho que são eleições com características distintas e o impacto das eleições municipais nas eleições estaduais e presidencial é um impacto muito relativo.