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porto velho, segunda-feira 21 de abril de 2025
Pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (14) registrou uma queda na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no terceiro mandato, mantendo a tendência de outros levantamentos publicados neste começo de ano sobre a gestão do petista (detalhes abaixo).
A oposição afirma que a forma de governar de Lula está fazendo a popularidade dele cair. Especialista econômico afirma que a inflação e desaceleração do PIB podem ser os motivos para insatisfação popular (detalhes abaixo).
O núcleo duro do PT ligou o sinal vermelho após a última pesquisa apontar uma derrocada da imagem do presidente, aliados já temem que Lula não saiba lidar com tamanha rejeição e perca o controle da situação.
Segundo o levantamento, 24% dos entrevistados avaliam o governo como ótimo ou bom, contra 35% em dezembro. O percentual de avaliação regular subiu de 29% para 32%, enquanto os que consideram a gestão ruim ou péssima passaram de 34% para 41%.
A pesquisa também apontou que 2% dos entrevistados não souberam responder. A queda na aprovação foi registrada em diferentes recortes.
Entre aqueles que ganham até dois salários mínimos, a aprovação caiu de 44% para 29% desde dezembro.
No grupo que recebe dez salários mínimos ou mais, o índice de aprovação foi de 32% para 18%. Entre pessoas com ensino fundamental, a aprovação passou de 53% para 38%.
No Nordeste, onde Lula teve vantagem expressiva nas eleições de 2022, o índice caiu de 49% para 33%. A margem de erro do levantamento varia conforme o segmento analisado, indo de três a 12 pontos percentuais.
Sondagens divulgadas ao longo de janeiro apontaram oscilações negativas na popularidade do governo.
A pesquisa Atlas, divulgada no dia 11 de fevereiro, mostrou uma queda na aprovação de 47,8% em dezembro para 45,9%, enquanto a desaprovação subiu de 49,8% para 51,4%.
O PoderData publicou os índices em 29 de janeiro, e registrou aprovação de 42% e desaprovação de 51%.
Na Quaest, divulgada em 3 de fevereiro, a aprovação caiu de 52% para 47%, enquanto a desaprovação subiu de 47% para 49%.
No dia 13 de janeiro, os resultados do Paraná Pesquisas indicaram que 50,4% desaprovam o governo e 46,1% aprovam.
O sociólogo Lejeune Mirhan analisou os resultados e atribuiu a queda de popularidade à polarização política no Brasil. E mencionou que a composição ministerial do governo, feita para ampliar a base de sustentação no Congresso, não garante apoio automático.
"A sociedade brasileira tem vivido uma politização elevada, o que é um fator positivo. É inevitável, portanto, a chamada polarização. Para termos uma noção, os sete partidos chamados progressistas, que apoiam o governo do presidente Lula, elegeram 124 deputados em 2022, enquanto os partidos de centro-direita a extrema-direita elegeram 399".
O presidente Lula fez uma composição para ampliar sua base de sustentação no Congresso, com a entrega de ministérios, e mesmo assim não é automático as votações dos partidos mais ao centro", afirmou, em entrevista ao iG.
Para Mirhan, a percepção da população sobre o governo pode ser influenciada por um descompasso entre o cenário econômico e a avaliação política.
"A economia brasileira talvez nunca tenha estado tão bem como agora, e é inacreditável que isso não esteja refletindo na popularidade do presidente Lula. Ele vem amargando algumas quedas exatamente por essa politização da sociedade", disse.
O sociólogo destacou que o desemprego atingiu níveis historicamente baixos e que há setores industriais com dificuldades para encontrar mão de obra qualificada.
Mirhan acredita que a tendência de queda na popularidade de Lula pode ser temporária. "Essa queda é absolutamente temporária e ele está administrando. Vai fazer uma reforma ministerial tópica, não abrangente, e se preparar para 2026. Ele é o candidato praticamente único da esquerda", declarou.
O economista Filipe Ferreira, diretor de negócios da Comdinheiro/Nelogica, afirmou que a desaceleração econômica em janeiro, com o PIB crescendo abaixo das expectativas, contribuiu para a insatisfação popular.
“Além disso, a inflação persistente, especialmente nos alimentos e combustíveis, impactou negativamente o poder de compra da população, gerando descontentamento”, analisou.
O economista destaca que, embora fatores políticos também desempenhem um papel, a economia tem um impacto direto na percepção pública do governo.
“Para reverter a queda na popularidade, o ideal é que o governo federal implemente políticas econômicas que promovam o crescimento sustentável e a redução da inflação. Investimentos em infraestrutura e programas de geração de empregos podem estimular a economia e melhorar a qualidade de vida da população”, pontuou.
Nesta sexta-feira, Lula disse que a idade dele - 79 - é um dos pontos que vai analisar para definir sua candidatura em 2026. A oposição avalia que com os números atuais, as chances de derrota são grandes.
O deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP) afirmou ao iG que a queda na popularidade está relacionada à condução do governo.
"É resultado da própria incompetência do governo. O arcabouço fiscal engessou completamente o orçamento e colocou o país numa trajetória insustentável de aumento da dívida", afirmou ao iG.
Kataguiri criticou a postura do governo em relação ao Banco Central, por, segundo ele, continuar "com a retórica de culpar o Banco Central pelos juros altos, mas a verdade é que a inflação não está controlada".
Sobre o impacto da queda na popularidade, o deputado afirmou que o cenário fortalece a oposição.
"O eleitor percebe que o governo não entrega o que promete e busca novas lideranças para representá-lo. Independentemente da popularidade do governo, minha atuação segue pautada na coerência e na defesa de princípios de responsabilidade fiscal e combate à corrupção", declarou.