PORTO VELHO - RO - Em meio ao calor político que antecede 2026, o governador de Rondônia, Marcos Rocha-União, redesenha seu tabuleiro de poder com passos cautelosos, mas firmes.

A prometida reforma administrativa que deveria ter sido concretizada em julho foi empurrada para agosto, agora tratada como questão impreterível pelos bastidores do Palácio Rio Madeira. Fontes ligadas ao núcleo duro do governo confirmam que os ajustes são mais profundos do que aparentam — e envolvem não apenas a mudança cargos, mas destinos políticos.

Rocha, que ensaia sua candidatura ao Senado, prepara o último grande movimento dentro do governo: mudanças em duas secretarias de peso, como a Secom, por exemplo, trocas de comando e equipes inteiras. Os nomes estão sob sigilo absoluto, escondidos por trás das paredes grossas do CPA. Trata-se de um jogo de xadrez político onde o governador parece buscar uma equipe de confiança plena, sem reflexo de indicações do ex-Chefe da Casa Civil para atravessar a reta final do mandato — ou sustentar uma eventual campanha a Senatoria da República.

Apesar do silêncio oficial, o tema ecoa pelos corredores do Palácio. A articulação política para manter o controle da base, neutralizar ruídos com o vice e garantir governabilidade tem se tornado um ponto central nas discussões de cúpula. Com o cenário ainda em aberto, Rocha pode tanto deixar o governo em abril, para disputar o Senado, quanto seguir até dezembro, caso as composições políticas não avancem.

No entanto, se essa última hipótese acontecer, ele estará jogando fora todo seu legado durante os oito anos que passou à frente do executivo.

Enquanto as peças se reposicionam nos bastidores, Marcos Rocha intensifica sua presença em campo. Em andanças pelo interior, tem inaugurado obras, vistoriado projetos e colhido apoio popular. A estratégia é clara: consolidar uma imagem de gestor atuante, eficiente e próximo da população. Em cada visita, leva consigo não só discursos técnicos, mas também promessas de continuidade, acenos políticos e gestos de pré-campanha.

Fontes próximas ao governador relataram ao Rondonoticias que Rocha está “altamente motivado” com a possibilidade de se tornar senador e que não haveria, até o momento, qualquer plano alternativo. Contudo, o impasse com o vice-governador ainda ronda como uma sombra. Se não houver solução política para esse entrave, Rocha poderá rever sua estratégia e permanecer no cargo até o último dia do mandato.

Nos próximos dias, o foco recai sobre as mudanças internas que prometem redefinir os rumos do governo. A reforma administrativa, mais do que um ajuste técnico, é o termômetro de um projeto político que busca fôlego, musculatura e blindagem para um salto mais alto.

Agosto será, portanto, o mês em que o governador deixará claro se vai ao Senado como protagonista — ou se será forçado a manter a caneta na mão até o apagar das luzes de 2026.