PORTO VELHO (RO) - Apresentado pelo jornalista Arimar Souza de Sá, o programa A Voz do Povo desta terça-feira (13) recebeu o advogado Fadrício Santos, que falou sobre as suas experiências à frente da advocacia, além de suas impressões sobre a realidade jurídica brasileira na atualidade.

O primeiro ponto abordado por Fadrício foi o momento de insegurança jurídica que o Brasil vem passando por conta do questionamento de muitas decisões judiciais nos últimos anos.

“Insegurança jurídica vem de outras épocas, quando nós tínhamos algumas operações em que setores do Poder Judiciário tomaram protagonismo que antes não se via. Sem dúvida essa insegurança existe, mas decisões judiciais sempre foram assim: nem sempre agradam a todos. Nós, advogados, batalhamos pela Justiça, e assim sempre foi”, argumentou Fadrício Santos.

Ele ainda destacou que foi a partir do momento em que o Poder Judiciário passou a tomar iniciativa em questões que até então eram políticas que essa insegurança foi potencializada.

“O Judiciário eu vejo de uma forma vanguardista e vem buscando aprimorar, enfrentando temas que jamais foram enfrentados. Um exemplo é o juiz sendo ativo, quando ele deveria ser um personagem passivo, que só atuaria quando provocado. Quando a gente vê juízes do STF tomando a frente de questões gerais da nossa sociedade, nos causa muita estranheza”, relatou Fadrício Santos.

O papel da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também foi abordado por Fadrício, que fez questão de ressaltar a recente manifestação do presidente da Ordem.

“Tem coisas que a gente observa no Judiciário que as pessoas que são da área do Direito se espantam, mas são os novos tempos. A OAB sempre teve um papel de protagonismo em tempos de crise. Atualmente, nosso presidente emitiu uma nota pedindo paz entre os poderes e tranquilidade para que se resolvam os conflitos que vemos hoje, que jamais foram vistos na história da nossa democracia”, comentou Fadrício Santos.

Ele rememorou um momento marcante em sua jornada jurídica, quando atuou na defesa do então presidente do Sebrae, Pedro Teixeira Chaves, que foi acusado em oito denúncias, em todas as quais a inocência foi comprovada através do trabalho da defesa.

“Esse processo tramitou na 1ª Vara Criminal e, naquele momento, nós tivemos o papel de acreditar na inocência daquelas pessoas que estavam em uma situação desfavorável. Tivemos ali o caso emblemático do presidente do Sebrae, que foi denunciado por oito vezes e conseguimos a absolvição de todas as acusações. Mas o poder devastador daquela operação não cicatriza. A reputação é construída sob pilares que só uma vida é capaz de nos dar; aí vem uma situação como essa que, com toda certeza, foi motivada por interesses políticos. Era um grupo talvez interessado em assumir o poder e, uma vez levado ao Ministério Público, foram induzidos ao erro”, argumentou Fadrício Santos.

Sobre a sua passagem pela Advocacia-Geral da Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE/RO), Fadrício afirma que foi uma experiência gratificante.

“Eu fui sabatinado pela Casa, onde os deputados fizeram uma série de perguntas, acabei aprovado e exerci por dois anos a advocacia do Poder Legislativo. Isso foi uma experiência muito legal, por nos dar a oportunidade de conhecer melhor a nossa sociedade”, destacou Fadrício Santos.

Com uma ampla carreira na área criminalista, Fadrício argumentou que essa é a área mais honrosa do Direito, pois resguarda o cidadão. Ele também falou sobre o Tribunal do Júri, onde já atuou em dezenas de oportunidades.

“É a área mais honrosa, com todas as vênias às demais, muito embora muitos tenham uma visão deturpada da área criminal. Os deslizes da vida existem e eu desafio alguém que nunca escorregou. A linha é muito tênue entre o certo e o errado, e o Direito é o regulador disso tudo. O advogado criminalista é um escudo. O Tribunal do Júri é o tribunal das lágrimas: é o local onde não sai ninguém vitorioso, é o local em que alguém perdeu a vida ou quase perdeu, e alguém está sendo julgado. É um local onde você é julgado por seus pares, é um local onde verdadeiramente se faz a Justiça, pois você é julgado pelo seu semelhante”, finalizou Fadrício Santos.

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