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porto velho, sexta-feira 14 de novembro de 2025

PORTO VELHO (RO) - Apresentado pelo advogado e jornalista Arimar Souza de Sá, o programa A Voz do Povo desta sexta-feira (14) recebeu o médico, escritor e artista plástico Dr. Viriato Moura, que falou sobre suas impressões a respeito da relação entre medicina e humanidade, a importância do conhecimento amplo e a política local.
De acordo com Viriato Moura, o conhecimento do outro é um requisito fundamental para que qualquer estudante de medicina exerça a sua profissão de maneira eficiente e plena.
“Todo médico precisa saber muito sobre o ser humano, não basta saber só de medicina para ser um bom médico. Eu recomendo que o estudante de medicina se dedique a estudar o ser humano em todos os aspectos, caso contrário, ele não estará apto para desenvolver a sua profissão”, falou Viriato Moura.
Comentando sobre sua trajetória como escritor, ele explicou como a literatura se conecta ao olhar clínico.
“Como escritor, naturalmente, preciso ter a visão de entender o ser humano, que é um ser complexo e precisa ser visto em toda a sua profundidade. Muitas vezes, como médico, vejo que alguns sintomas apresentados por um paciente são frutos da mente. Isso mostra que a confiança estabelecida entre o médico e o paciente acaba sendo a solução para muitos sintomas”, comentou Viriato Moura.
Ao abordar o valor do acolhimento, ele ressaltou a força do gesto humano como uma espécie de remédio para a alma.
“Parece que é nada, mas consolar é muito, porque quando nós estamos doentes, se tem uma coisa que é aprazível à alma, é um ato de consolo”, relatou Viriato Moura.
Falando sobre arte, o médico e escritor ressaltou seu poder transformador e como ela é capaz de melhorar tanto quem a produz quanto quem a recebe.
“Eu posso dizer tranquilamente que a arte salva aquele que a produz, porque no momento em que estamos produzindo arte, nós ficamos em outra frequência mental; nesse momento parece que tudo desaparece. Eu entendo que as pessoas que foram abençoadas com algum talento devem valorizá-lo. O belo se mostra através da arte”, argumentou Viriato Moura.
Refletindo sobre a existência humana, o convidado compartilhou uma visão filosófica sobre autoconhecimento.
“O pressuposto dessa jornada que se chama vida é entender o que estamos fazendo aqui, e para isso é necessário nos entendermos. Então é fascinante observar, deduzir ou imaginar, porque na maioria das vezes não somos capazes de conhecer totalmente nem nós mesmos”, refletiu Viriato Moura.
Ao comentar sobre convivência e empatia, ele alertou sobre julgamentos precipitados e como isso pode ser prejudicial para a vida de qualquer pessoa que escolhe esse caminho.
“Não paramos para pensar as razões do outro. Muitas vezes, também, fazemos suposições de uma pessoa sem conhecer ela; nos precipitamos a julgamentos impiedosos contra o outro. Precisamos nos colocar no lugar do outro, é sempre bom pensarmos em darmos o primeiro passo de bondade, de contato, de demonstração de grandeza de espírito”, detalhou Viriato Moura.
Em relação ao reconhecimento social, ele criticou homenagens indevidas que, vez ou outra, são concedidas no Estado.
“Não podemos permitir que aventureiros ocupem espaços indevidamente, inclusive que sejam homenageados. Muita gente daqui — e não falo só daquelas pessoas que tiveram chance na vida — faz mais que esse tipo de gente. Essas pessoas precisam ser homenageadas”, contestou Viriato Moura.
Ao falar de questões globais, ele comentou a ausência de grandes potências na COP 30.
“Na COP 30 faltaram a China e os Estados Unidos, os países que mais devastam no mundo, e querem que a gente faça certas coisas sem as ponderações devidas. É necessário saber o que é ciência e o que não é”, ressaltou Viriato Moura.
Por fim, ao abordar saúde pública, ele lamentou a frustração de uma antiga expectativa relacionada à solução da crise do setor no Estado.
“Durante muito tempo houve a expectativa de um hospital de urgência e emergência, e parece que agora não vai mais acontecer. Eu sempre imaginei que, diante dessa situação, se fazia necessária a realização de mutirões através da rede privada, porque preserva os empregos no serviço público e atende à demanda em sua totalidade”, finalizou Viriato Moura.
Veja A Voz do Povo: