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porto velho, terça-feira 1 de outubro de 2024
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia vai ouvir nesta quinta-feira (13), às 9h, o gerente geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo. Em 2020, quando começaram as tratativas entre o governo brasileiro e a farmacêutica de origem americana para a compra de imunizantes contra a Covid-19, Murillo era CEO da empresa no Brasil.
Originalmente, a CPI havia convocado Marta Díez, atual presidente da empresa no Brasil, mas a Pfizer pediu que Murillo fosse em seu lugar para "esclarecer os fatos relacionados às negociações com o governo federal desde 2020 para a aquisição de vacinas da Pfizer". Díez assumiu o cargo atual em fevereiro de 2021.
Na sessão de quarta-feira (12), a CPI ouviu o ex-secretário especial de Comunicação da Presidência da República, Fabio Wajngarten, que disse à revista "Veja" que o Brasil não comprou antes as vacinas da Pfizer por "incompetência" do Ministério da Saúde.
Wajngarten confirmou aos senadores que a Pfizer enviou uma carta a integrantes do governo brasileiro, inclusive ao presidente Jair Bolsonaro e ao então ministro da Saúde Eduardo Pazuello, oferecendo doses de sua vacina. A carta, enviada em 12 de setembro de 2020, só foi respondida, segundo o ex-secretário, em 9 de novembro, quando ele soube da existência do documento.
A expectativa é que Carlos Murillo especifique o contexto em que a carta foi enviada e explique também os termos do contrato proposto pela farmacêutica ao governo brasileiro. Parlamentares governistas argumentam que houve uma postura "leonina" da Pfizer, e que foi isso que levou à demora na compra dos imunizantes.
Hoje, o Brasil tem dois contratos com a Pfizer, cada um deles de 100 milhões de doses da vacina. Até o momento, foram entregues 2,2 milhões de doses ao país.
Além do depoimento do gerente geral da Pfizer na América Latina, estão previstas votações de novos requerimentos na sessão desta quinta-feira da CPI da Pandemia.
Entre os pedidos, estão as convocações de duas médicas reconhecidas por suas defesas do chamado "tratamento precoce" da Covid-19, com medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença causada pelo novo coronavírus.
Serão votados os requerimentos de convocação de Mayra Pinheiro, secretária do Ministério da Saúde, e de Nise Hitomi Yamaguchi, oncologista e imunologista que chegou a ser cotada para comandar o Ministério da Saúde.
Outro alvo dos senadores que compõem a CPI é o Ministério das Relações Exteriores, alvo de quatro requerimentos. A comissão quer ter acesso a comunicações oficiais, recebidas ou enviadas pelo Itamaraty, que falem a respeito da obtenção de cloroquina, hidroxicloroquina e vacinas contra a Covid-19.
A CPI também quer do Itamaraty informações sobre declarações do presidente da República a respeito de uma suposta "guerra química, bacteriológica e radiológica" que estaria em andamento no mundo.
No dia 5 de maio, Bolsonaro falou dessa "guerra" e levantou suspeita de que o coronavírus causador da Covid-19 tenha sido produzido em relatório. As falas foram criticadas por integrantes da CPI da Pandemia, entre eles o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM).