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porto velho, terça-feira 1 de julho de 2025
Derrotado nas urnas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) deve deixar o comando do Palácio do Planalto em 31 de dezembro e, como prevê o protocolo, passar a faixa presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante a posse marcada para 1º de janeiro de 2023.
A vitória de Lula foi confirmada pela Justiça Eleitoral às 19h57 desse domingo (30/10), quando 98,81% das urnas já tinham sido apuradas. Àquela altura, o petista tinha 50,83% dos votos válidos (59.563.912), não podendo mais ser ultrapassado por Bolsonaro, que acumulava 49,17% (57.627.462) dos votos.
Mesmo com o fracasso de não ter conseguido se reeleger, Bolsonaro deve seguir no debate público. E o bolsonarismo deve ter, ainda assim, um papel de protagonismo na oposição a partir do ano que vem, segundo especialistas ouvidos pelo Metrópoles.
No Congresso Nacional, a força política de extrema direita terá um papel importante. O próprio PL, partido do Centrão e pelo qual Bolsonaro disputou a reeleição, terá a maior bancada do Parlamento, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal.
Durante a campanha, o agora presidente eleito disse que o bolsonarismo seguiria existindo mesmo sem Bolsonaro na Presidência. Segundo Lula, é necessário derrotar o movimento “no debate político” e na “discussão sadia”.
Frase dita pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, na reta final das eleições sintetiza a força política que o bolsonarismo ganhou nos últimos anos: “Se Lula vencer, em quatro anos Bolsonaro volta”.
“Quanto figura política, Bolsonaro vai continuar sendo uma relevante. Obviamente, ele não vai ter a imunidade parlamentar que sempre teve. Então, talvez ele vai ter que cuidar mais da forma como se comunica. Mas ele vai ser o o grande representante dessa direita que surgiu nos últimos anos”, explica Rodolfo Tamanaha, professor de ciências políticas do Ibmec Brasília.
“Considerando, inclusive, que o Congresso tem uma base de parlamentares que são bolsonaristas ou próximos ao Bolsonaro, essa temática vai estar em evidência e vai exercer, sim, um protagonismo”, complementa o docente.
Outra chave para manter o bolsonarismo em evidência é por meio dos governadores que se vincularam politicamente ao atual presidente durante as eleições deste ano. Dos 27 governadores eleitos e reeleitos, 13 declararam apoio ao presidente derrotado ou já era aliados de longa data de Bolsonaro, entre eles Tarcísio de Freitas (Republicanos), que conquistou o governo de São Paulo.
Para Tamanaha, alguns governadores eleitos devem aproveitar o governo petista para se “cacifar” para as próximas eleições presidenciais, em 2026.
“Talvez esse seja exatamente o espaço em que governadores como Romeu Zema, de Minas, ou Ibaneis Rocha, do DF, possam surgir como uma oposição ao governo petista. E até ascender como uma possível alternativa à direita que não seja Bolsonaro. Alguns vão manter essa relação de oposição ao governo lulista para justamente se cacifar como um nome viável para as eleições presidenciais”, pontua o professor de ciências políticas.