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porto velho, sábado 31 de maio de 2025
BRASIL: A donovanose é uma infecção sexualmente transmissível (IST) rara, causada pela bactéria Klebsiella granulomatis. Apesar de pouco conhecida, a doença pode provocar lesões graves na região genital e exige diagnóstico e tratamento precoces para evitar complicações.
A infecção é mais comum em regiões tropicais e subtropicais, como algumas áreas da Índia, Papua-Nova Guiné, Caribe, partes da África e também no Brasil. A transmissão ocorre principalmente através do contato sexual sem proteção, mas também pode acontecer por contato direto com feridas infectadas, mesmo fora da relação sexual.
“No Brasil, é considerada uma doença rara e com incidência em declínio, participando de 5% de todas as ISTs. Ela ocorre mais frequente em regiões quentes do Brasil e com acesso limitado a serviços de saúde, como no Norte e Nordeste”, explica a ginecologista Fernanda Torras.
O principal sintoma da donovanose são lesões na região genital ou anal. Elas começam como pequenos nódulos que, ao se romperem, formam feridas de bordas elevadas e aspecto avermelhado, geralmente indolores. Essas lesões tendem a se expandir lentamente e podem causar destruição progressiva do tecido local.
“O grande diferencial dela em relação a outras ISTs que causam feridas é a questão de ela não ser dolorosa. A não ser a sífilis, que tem também uma úlcera e que não é dolorida, todas as outras doem. Além disso, a donovanose não regride. Ela é uma ferida que começa com um nódulo que só piora e não dói”, detalha Carolina Cunha Orlandi, ginecologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Se não for tratada, a donovanose pode levar a complicações graves. As feridas aumentam de tamanho, favorecendo infecções secundárias e podendo causar deformações permanentes nos órgãos genitais.
A destruição dos tecidos pode gerar cicatrizes profundas, estenose (estreitamento) de estruturas como uretra, vagina ou ânus, e até disfunções urinárias ou sexuais. Em casos raros, a infecção pode se espalhar para outras partes do corpo, incluindo ossos e fígado. Além disso, a presença de lesões abertas facilita a entrada de outros agentes infecciosos, como o vírus HIV.
O diagnóstico é feito através da análise laboratorial de amostras das lesões. O exame identifica os chamados "corpos de Donovan", estruturas presentes dentro das células infectadas que confirmam a presença da bactéria.
O tratamento é feito com antibióticos, como azitromicina, doxiciclina ou ciprofloxacino, prescritos por um médico. O uso contínuo por várias semanas costuma ser eficaz. Casos avançados podem exigir acompanhamento prolongado e, em situações mais severas, cirurgias para reconstrução da área afetada.
“Quando não tratada a tempo pode deixar algumas sequelas. As mais comuns são cicatrizes, deformidades e estenoses (estreitamentos) nos genitais, que podem afetar a função urinária, sexual e reprodutiva. Por isso, o diagnóstico precoce e o tratamento completo são essenciais para evitar danos permanentes”, detalha Torras.
O uso de preservativo em todas as relações sexuais é a forma mais eficaz de prevenir a donovanose e outras ISTs.