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porto velho, domingo 1 de junho de 2025
BRASIL: A depressão está associada a um risco maior de demência na meia e terceira idade, de acordo com um novo estudo publicado nesta quinta-feira (29) na eClinicalMedicine.
O quadro depressivo já havia sido associado, em pesquisas anteriores, a um maior risco de demência. No entanto, ainda há muito debate sobre quando a depressão é mais importante: se é a que começa na meia-idade, aos 40 ou 50 anos, ou quando se inicia já na velhice, a partir dos 60 anos.
"Nosso estudo mostra que a depressão está associada a um risco aumentado de demência tanto na meia-idade quanto na velhice. Isso destaca a importância de reconhecer e tratar a depressão ao longo da vida, não apenas para a saúde mental, mas também como parte de uma estratégia mais ampla para proteger a saúde do cérebro", afirma Jacob Brain, um dos líderes do estudo, em comunicado.
As possíveis ligações entre depressão e demência ainda são complexas e estudadas, mas podem incluir inflamação crônica, desregulação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, alterações vasculares, alterações nos fatores neurotróficos e desequilíbrios neurotransmissores. Alterações genéticas e comportamentais compartilhadas também podem aumentar os riscos, segundo pesquisadores.
A nova pesquisa reuniu evidências existentes e acrescentou novas análises para examinar quando a depressão pode aumentar o risco de demência. Para isso, os pesquisadores realizaram uma revisão abrangente de estudos já publicados e uma meta-análise.
Em um primeiro momento, eles reuniram e revisaram todos os melhores dados disponíveis de revisões sistemáticas com meta-análises -- um método estatístico que combina resultados de vários estudos para fornecer uma estimativa geral mais confiável -- que já haviam analisado a relação entre depressão e demência.
Em uma segunda fase, os pesquisadores extraíram e reanalisaram dados de estudos individuais dentro das revisões, além de adicionar trabalhos mais recentes que não estavam presentes nos trabalhos anteriores.
"Nós nos concentramos especificamente no momento em que a depressão foi medida, se na meia-idade ou na velhice, e calculamos o quanto ela aumentava o risco de desenvolver demência. Isso essencialmente nos permitiu fornecer um panorama mais preciso e atualizado de como a depressão em diferentes estágios da vida está relacionada ao risco de demência", afirma Brain.
"Nossas descobertas levantam a possibilidade de que a depressão tardia pode não ser apenas um fator de risco, mas também um sinal precoce do início do desenvolvimento da demência. Ao esclarecer esse momento, nosso trabalho ajuda a orientar futuras pesquisas, tratamentos e estratégias de prevenção", completa.