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porto velho, sexta-feira 22 de novembro de 2024
Por: Altair Santos (Tatá) – O IV Festival de Samba Nova Geração Paraense, voltado para a difusão e valorização da essência cultural do samba, realizado na última sexta-feira (23/abril/2021) em Belém e transmitido via internet, fez reluzir aos olhos e ecoar aos ouvidos a nova cena, a tendência sonora e a realidade criativa vigente dos verdadeiros herdeiros espalhados distantes, porém legítimos consanguíneos sambistas da mãe baiana Tia Ciata, que por aqui vivem, transitam e habitam em ritmados acordes de cavaco e baticuns de surdo e pandeiro, além é claro, de dizerem firme no gogó sobre o sempre samba brasileiro.
Foi bonito de ver a reverência e deferência com que a organização do Festival fez homenagear em cena, muitos dos seus baluartes, verdadeiros mananciais vivos ou in-memorian da popular e diversificada cultura sambista da cidade dos devotos de Nossa Senhora de Nazaré que, naquela noite, também saudaram São Jorge, já que era o dia e noite do santo.
O projeto exibiu ao conhecimento popular as composições inscritas, como também, reacendeu a chama envolvente dos festivais e suas tradições. No rebuliço do sobe desce da maré musical, remou bem e atracou vitoriosa e com honras no Ver-o-Peso, a canoa que levou os versos distantes despachados do porto do Cai N´Água em Porto Velho pelo compositor e intérprete Antônio (Toninho) Tavernard, endereçados à sua parceira de composição, a performática e competente cantora paraense Brenda Moraes que, decidida e senhora de si, no palco, fez ferver um farto caldeirão de maniçoba e um outro entupido de caldeirada de tambaqui.
O samba intitulado Homem de Fé revelou-se uma pulsante e mensageira composição, um inteligente e oportuno remo poético-melódico a duas mãos, viajantes atuais da missiva de esperança de vida e dias melhores, untada pela força e pela fé cidadã que hão de prosperar animadores e resolutivos, naquilo que hora muito se busca e almeja: o amor, a empatia, a solidariedade, a reciprocidade e a paz.
Da parte da competente organização e produção paraense, certamente restou a certeza e sentimento do dever e compromisso cumpridos em valorizar as suas raízes e criações artísticas, nesse particular, ao mote do sempre vivo samba brasileiro e com o inimitável jeito e tempero paraense de ser.
Cá, do nosso solo karipuna, desde a madrugada de sexta-feira pra sábado, ainda vibra inquieta e animadora pulsante, a alegria de ver uma obra cultural daqui vitoriosa, em parceria com alguém de lá.
Por força de reconhecimento e como mote inspirador, o Projeto Samba Autoral de Porto Velho, com este feito, é também vitorioso e deve orgulhar-se, e muito, dessa conquista que, certamente, acenderá novos e animadores lumes para o nosso samba.