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porto velho, quarta-feira 27 de novembro de 2024
BRASIL: Uma adolescente de 16 anos escreveu uma carta denunciando os abusos que sofria do padrasto, em São Paulo. De acordo com a vítima, o homem de 51 anos, que é um policial militar reformado, cometia os crimes desde que ela tinha 13. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Praia Grande, no litoral do Estado.
Segundo informações divulgadas pelo jornal A Tribuna, na carta escrita pela adolescente para denunciar os abusos para os advogados Octavio Rolim e Patrícia Britto, que a representam no caso, a jovem conta que tudo começou entre junho e julho de 2021.
O que ela diz na carta
Na época, a adolescente morava com a avó e teria ido até o apartamento onde a mãe vivia com o homem. Durante a visita, ele teria mostrado vídeos pornográficos e apresentado contos eróticos para ela, “principalmente entre enteada e padrasto”. E disse que “ela já estava na idade de saber” e que aquilo era “mais comum” do que imaginava.
“Eu nunca tinha visto e fiquei assustada com aquilo. Ele me disse que, por estar crescendo e me tornando mulher, [além] da minha mãe trabalhar o dia todo e não ter tempo de me explicar essas coisas, eu já estava na idade de saber”, escreveu a menina.
Em agosto de 2021, o homem apresentou um sobrinho dele. Durante a visita, o padrasto teria dito para ela apresentar o prédio para ele, e o menino teria beijado ela. Ao saber sobre o contato, PM fez uma série de perguntas para ela sobre o beijo.
Naquele mesmo dia, ambos voltavam de um passeio em Peruíbe, no litoral de São Paulo, quando o padrasto parou o carro para urinar na rua. Segundo o relato da adolescente, ele teria abusado dela. "Fiquei com muito medo de falar algo na hora, pois ele sempre guardava a arma debaixo do banco do motorista", alegou a vítima. "Quando cheguei em casa, só sabia chorar escondida no quarto me perguntando o porquê daquilo estar acontecendo".
Em 2022, os abusos se tornaram frequentes. "Ele aproveitava que não tinha ninguém em casa e me puxava para o quarto dele. Aconteceu várias vezes, e todas sem o uso de preservativo".
Ao jornal A Tribuna, os advogados da menina explicaram que os abusos físicos acabaram naquele ano, quando o homem disse que se afastaria dela "para não cometer uma loucura", como engravidá-la. Porém, em 2023, ele tentou uma “reaproximação” da adolescente, que gravou a conversa e mostrou o áudio.
A mãe da vítima diz ter ficado chocada quando soube dos abusos. Ela tinha um relacionamento de 12 anos com o homem e disse que ele se considerava "pai" da menina. "Meu mundo desabou. Não só o meu, mas de toda a família", desabafou a mãe da adolescente. "Fiquei sem chão, pois não esperava isso dele, que conhecia a minha filha desde bebê".
Testosterona
De acordo com o relato da adolescente, ainda naquele ano, o homem lhe aplicou duas doses de testosterona. Ele a levava para academia, lá ele elogiava o corpo dela e comentava que ela tinha “mais corpo do que muito mulheres, mas que não conseguiria resultado ‘só treinando’”.
"Comentava que eu tinha mais corpo do que muitas mulheres, e por eu menstruar e ter menos testosterona que o homem, não iria conseguir resultado nenhum 'só treinando'", escreveu a menina. "Dizia que eu ficaria com um corpo mais bonito [com a testosterona]".
A adolescente acrescentou na carta que o homem ficou bravo quando ela demonstrou que não queria receber a dose do hormônio. "Disse que eu não poderia parar de tomar, senão meu corpo ficaria cheio de estrias, celulites e espinhas, [além da] queda de cabelo".
Investigações
Em entrevista à TV Tribuna, a delegada Lyvia Bonella, da DDM de Praia Grande (SP), informou que o homem prestou depoimento e disse que a enteada é quem demonstrava interesse por ele.
"Tentou inverter a situação, como se a adolescente estivesse interessada nele e feito 'investidas', abraçando e beijando", explicou a delegada, que acrescentou que, apesar do depoimento do homem, o fato dele ter admitido que "retribuiu" o beijo da adolescente já configura um crime.
A defesa do padrasto afirmou ainda que o cliente é inocente e que as "acusações propostas pela suposta vítima e sua genitora são inverídicas, pois não passam de uma armação".