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Mulheres denunciam empresa por estelionato em consórcio de cirurgias plásticas

Segundo denúncia, responsável pela empresa de consórcios sumiu com dinheiro das vítimas sem marcar procedimentos.


G1

Publicada em: 31/10/2023 12:36:38 - Atualizado

BRASIL: Um grupo de mulheres denunciou que foi vítima de um golpe após contratar um consórcio de cirurgias plásticas. Três clientes, ouvidas pelo g1, disseram que a representante da empresa, identificada como Ana Paula Barbosa dos Santos, sumiu sem marcar os procedimentos ou devolver os valores pagos. De acordo com elas, dezenas de pessoas foram afetadas.

Maria da Conceição do Nascimento, técnica de enfermagem de 45 anos, foi uma dessas mulheres. Ela disse ao g1 que começou a pagar um consórcio com a empresa SDV em 2019 e foi sorteada em 2020, mas, por conta do período de pandemia, a cirurgia foi adiada.

“Eu fui uma das primeiras a ser sorteada, mas foi no ano da pandemia. O meu sorteio foi de quatro anos. Ela tinha uma conta e depois a gente começou a pagar pelo Pix. Quando terminou o sorteio, fui atrás dela. Ela não atendia mais o telefone. Foi aí que eu recorri a um advogado. Fiz o boletim de ocorrência com um grupo”, contou.

A SDV, contratada para administrar o consórcio, está registrada na Receita Federal como Ana Santos Serviços de Estética LTDA.

No contrato assinado com a técnica de enfermagem, uma mulher chamada Ana Paula Barbosa dos Santos é citada como representante da empresa. Foi diretamente com Ana Paula que todas as negociações foram realizadas, de acordo com Conceição.

"A gente está com mais de 30 boletins de ocorrência registrados, mas a gente sabe que ela fez vários grupos, cada um tinha 22 pessoas. Ela fez algumas cirurgias logo no começo para mostrar e depois sumiu do mapa", denunciou a técnica de enfermagem.

O plano de consórcio contratado por Maria da Conceição previa o pagamento de 48 parcelas mensais de R$ 300, com valor de crédito de R$ 12 mil. Juntando todos os pagamentos ao longo dos anos, Conceição afirma ter investido quase R$ 15 mil, até janeiro de 2023.

A desconfiança de que poderia se tratar de um golpe veio em outubro de 2022, quando Conceição viu uma reportagem na TV em 2022. “Fiquei sabendo por uma reportagem, mas ainda faltavam três parcelas. Falei com uma advogada e ela disse que era melhor terminar de pagar para não quebrar o contrato”, explicou.

Depois de terminar o pagamento da última parcela, Conceição retomou o contato. “Em janeiro, eu entrei em contato com ela e ela disse que ia fazer o pagamento. Esperei até março. Fui falar com ela e ela não respondeu mais; desligou o celular e a gente ficou sem ter quem procurar”, afirmou.

Sem resposta da empresa

A cuidadora de idosos Keyla dos Santos Ferro contratou o consórcio, em setembro de 2020, para fazer uma lipoaspiração no abdômen e colocar um enxerto nas mamas. O prazo do consórcio estava previsto para terminar em agosto de 2024. Ao todo, gastou R$ 8 mil.

"A gente pagou setembro, outubro, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro. Em março, ela fez a primeira cirurgia do grupo. [...] Fui sorteada no segundo sorteio. Minha cirurgia era para novembro de 2021. Só que não fiz porque estava com anemia e remarquei", contou Keyla.

A cuidadora contou ainda que precisou remarcar outras vezes o procedimento por causa de problemas de saúde e que se desesperou ao ver a reportagem citada por Conceição do Nascimento e tomar conhecimento de possíveis casos de golpe envolvendo a empresa.

"Paguei 22 parcelas, até 30 de novembro [de 2022]. Até hoje, ela sumiu, me bloqueou, não responde. Fui à casa dela, não atendeu. A gente chamou e ninguém atendeu para dar uma satisfação. [...] Comecei a ligar para outras meninas e vi que o golpe era com outras pessoas", afirmou Keyla.

A vigilante Veridiana da Silveira Távora entrou no primeiro grupo do consórcio, em 2018, para fazer um investimento. Ela disse que, como planejava se mudar para Portugal, decidiu pegar de volta os R$ 12 mil que pagou ao consórcio em vez de fazer um procedimento estético.

"Quando faltavam duas parcelas, fui ao escritório dela, na [Avenida] Agamenon Magalhães (no Centro do .

Enquanto aguardava o pagamento, Veridiana disse que usou o cartão da irmã para comprar a passagem e, quando chegou o dia de receber o dinheiro, percebeu que tinha sido bloqueada pela representante da empresa.

"Arrumei um trabalho lá em Portugal e, graças a Deus, consegui pagar o cartão da minha irmã. Mas não consegui contato com ninguém [do consórcio]. Então, resolvi voltar. Voltei e comecei a procurar pessoas com quem aconteceu isso", contou.

A reportagem do g1 tentou contato com os números telefônicos registrados na Receita Federal no cadastro da empresa SDV, mas as ligações não foram completadas.

Também foi contatado o edifício onde a empresa deveria funcionar. O funcionário que atendeu a ligação informou que a sala está desocupada, apenas com alguns móveis no local.

A Polícia Civil de Pernambuco informou que o caso está sendo investigado pela Delegacia de Estelionato. De acordo com a corporação, as diligências em relação ao inquérito seguem em andamento sob a coordenação da delegada Viviane Santa Cruz.







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