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Mulher morta pelo marido policial Thiago Cesar registrou boletim por ameaça em outubro deste ano

Ocorrência foi aberta na mesma delegacia que agora investiga o assassinato


CNN

Publicada em: 05/12/2023 09:56:34 - Atualizado

BRASIL: Vítima de feminicídio cometido pelo marido no último domingo (3), Erika Satelis Ferreira de Lima, 33, havia registrado um boletim de ocorrência por ameaça contra o policial militar Thiago Cesar de Lima, 36, em outubro deste ano.

Segundo o relato dela na época, os dois brigaram e Thiago a ameaçou com uma arma. O caso foi registrado na 4ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), a mesma que agora investiga a morte de Erika.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), na ocasião a vítima optou por não representar criminalmente contra o soldado e também não pediu medidas protetivas.

Erika foi morta a tiros pelo policial na madrugada de domingo, na zona norte de São Paulo. O casal estava dentro de um carro quando começou uma discussão. Durante a briga, o PM desferiu socos e depois tiros contra a mulher.

A vítima chegou a ser socorrida pelo próprio policial, mas não resistiu aos ferimentos. A arma do crime, uma pistola calibre .40, foi apreendida e o soldado foi encaminhado ao Presídio Militar Romão Gomes. A Justiça de São Paulo decretou a prisão preventiva dele nesta segunda-feira (4).

A Ouvidoria da Polícia de São Paulo afirmou que abriu procedimento para acompanhar o caso e que, após os trâmites legais, vai sugerir a expulsão do soldado Thiago Cesar de Lima das fileiras da Polícia Militar.

“Não se pode tolerar desvios dessa ordem, principalmente quando as vítimas são grupos vulneráveis e historicamente sacrificados e o algoz, aquele formado e instruído para valorizar e garantir a vida”, afirmou o Ouvidor, professor Claudio Silva.

Nota da Ouvidoria na íntegra:

“A Ouvidoria da Polícia de São Paulo recebeu informações sobre um ato de feminicídio, acompanhado de vídeos, em que o autor seria um Policial Militar. Um ato que, por sua simples natureza, nos deixa estarrecidos e indignados enquanto sociedade e, como entes públicos, extremamente preocupados. A ação, que demonstra um perceptível adoecimento por parte de um agente público que deveria proteger sua família e a sociedade, nos impele à uma posição firme e decisiva. Temos problematizado com a Secretaria de Segurança Pública a questão do adoecimento da tropa, especialmente o adoecimento mental e suas consequências nefastas no cotidiano da atuação policial. Vamos abrir procedimento para acompanhar o caso, pedir informações sobre a ocorrência para Polícia Civil, solicitar os laudos necroscópico, balístico, de local e residuográfico para a polícia científica e acionar a Corregedoria da Polícia Militar para, no caso de o autor ser um policial militar, sugerir a expulsão deste das fileiras da corporação. Não se pode tolerar desvios dessa ordem, principalmente quando as vítimas são grupos vulneráveis e historicamente sacrificados e o algoz, aquele formado e instruído para valorizar e garantir a vida.”




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