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porto velho, segunda-feira 25 de novembro de 2024
BRASIL: Periferia de Porto Alegre, 6 de maio, começo da semana da maior catástrofe natural do Rio Grande do Sul: passa de três da tarde quando Ana Cristina Medeiros de Lima, em meio ao atendimento às vítimas da enchente, recebe, debaixo de chuva, mensagem da Caixa Econômica Federal solicitando “regularização das parcelas do seu financiamento”.
“Foi um dia muito caótico, a chuva não parava, as pessoas estavam sendo resgatadas aos montes. A gente estava tendo a dimensão da catástrofe naquele momento, indo atrás de comida para as mulheres que trabalham com reciclagem e suas famílias. A gente estava sem água, nem luz”, lembra a cliente.
Cobrança estava suspensa
Ela tem empréstimo consignado em atraso e uma funcionária da agência Partenon fazia contato. Três dias antes, o banco havia decidido pela “paralisação do pagamento de prestações de diversas modalidades de empréstimo”, informa a assessoria de imprensa da Caixa Econômica Federal.
“A gente estava fazendo contatos desesperadamente atrás de parceiros para garantir comida, doação de água, e aí eu recebo a mensagem de WhatsApp. O mundo caindo e o banco preocupado com grana”, diz.
A assessoria de imprensa da Caixa Econômica Federal confirma que o número telefônico que fez contato com a cliente é da agência 0445, Partenon, para tratar de inadimplência.
Diálogo lúcido em meio ao caos
Focada no socorro às vítimas da enchente, a cliente trocou poucas mensagens. Após a funcionária do banco solicitar a regularização da dívida, Cris Medeiros, como é conhecida, perguntou: “Jura que em meio ao caos vocês querem dinheiro”? Antes de ser respondida, questiona: “A Caixa está ajudando alguma vítima dessa tragédia”?
A resposta foi “a ajuda é pessoal e voluntária”. A cliente, então, desabafou escrevendo que “o banco ganha um monte de dinheiro, mas sempre é o pobre ajudando pobre”. E voltou a socorrer as vítimas.
Cliente é ativista social
Ana Cristina Medeiros de Lima, 53 anos, é moradora do Bom Jesus, uma das maiores comunidades de Porto Alegre, localizada em um morro da zona leste. Ativista social e produtora cultural, foi conselheira tutelar por 15 anos.