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    porto velho, quarta-feira 18 de junho de 2025

Mar avança no Rio Amazonas e ribeirinhos de arquipélago ficam sem água potável

Moradores mais pobres relatam sede e fome já que até o pescado ficou escasso.


g1

Publicada em: 12/10/2021 10:45:52 - Atualizado

As águas doces da Foz do Rio Amazonas, no Amapá, voltaram a sofrer o fenômeno de "salinização" neste semestre. O Oceano Atlântico avança sobre o rio e isso dificulta o dia a dia de ribeirinhos, que relatam que a água fica imprópria para o consumo e até para realizar atividades básicas como lavar roupas e louças.

O problema afeta principalmente quem mora no conjunto de ilhas na região do Arquipélago do Bailique, distrito a 12 horas de barco de Macapá.

Um estudo do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) busca entender se a aceleração do fenômeno, que é natural, ocorre em função do desmatamento ambiental e do assoreamento do Rio Araguari, que desagua no Amazonas.

De acordo com moradores da comunidade, há quatro anos eles vêm percebendo a mudança nas águas que banham as ilhas. O fenômeno acontece durante o verão amazônico (ao longo do 2º semestre), e se intensificam a partir do mês de setembro.

Sede e fome

Neste ano, desde a segunda quinzena de setembro, o rio já apresenta salinização e, com essa mudança, e as famílias da região, especialmente as mais carentes, sentem os danos do avanço da água do mar. Eles relatam sede e fome por não terem acesso a água potável e não conseguirem tratar o líquido do rio.

Há ainda aqueles que sobrevivem da venda de pescado, que tem ficado escasso com o avanço cada vez mais severo da água salgada.

É o caso de Edina Barbosa dos Santos, que mora na comunidade há mais de 25 anos. Ela sempre utilizou a água do rio para beber, fazer a higiene pessoal e da residência, mas nesse período não consegue mais usá-la. As falhas no fornecimento de energia só pioram o que não está fácil.

"Nós não temos água aqui, nós não temos a luz que nós precisamos. A água que eu preciso eu pego no igarapé. Eu tenho uma boa idade, mas, mesmo assim eu pego [água], mas agora ela não presta nem para a gente beber", reclamou a moradora.

Como alternativa, a população do Bailique busca em embarcações carregamentos de água nas margens da Ilha do Marajó, no estado do Pará. É assim que boa parte dos moradores tem se virado para continuar tendo acesso ao recurso básico para a existência humana.


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