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porto velho, segunda-feira 23 de junho de 2025
BRASIL - A Prefeitura do Rio de Janeiro informou que aceita negociar a cessão de outro quiosque à família do congolês Moïse Kabagambe, morto após ser agredido na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Em entrevista ao g1, Djodjo Kabagambe, irmão de Moïse, disse que a família está com medo de trabalhar no mesmo local onde o parente foi morto.
"A gente decidiu que não vamos (aceitar o quiosque da Barra) por conta da segurança. E se tiver outra proposta, de outro quiosque, a gente aceita. Mas desde que seja em outro lugar", disse Djodjo Kabagambe, irmão de Moïse.
O acordo para a concessão dos quiosques Biruta e Tropicália, local onde Moïse foi morto, havia sido firmado e entregues à família do congolês pelo prefeito Eduardo Paes (PSD) e o secretário de Fazenda e Planejamento, Pedro Paulo, na segunda-feira (7).
Em contato com a reportagem do g1, a Secretaria de Fazenda e Planejamento do Rio preferiu não se posicionar sobre o caso, mas confirmou que aceita negociar com a família um outro ponto de trabalho que não seja o quiosque da Barra da Tijuca.
Prefeitura do Rio formaliza entrega de concessão de quiosque à família de Moïse
De acordo com Rodrigo Mondego, procurador da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, que acompanha o caso, a ideia da família é marcar uma conversa com a prefeitura e a Orla Rio na próxima segunda-feira (15).
“Eles querem marcar com a prefeitura para conversar. Eles aceitam outro quiosque, podem aceitar outra alternativa. Mas não aceitam ficar ali porque não vão se sentir seguros nunca. Porque já disseram que não vão sair de lá”, disse o procurador.
A Orla Rio, que é a concessionária detentora dos direitos da concessão pública dos dois quiosques, informou que ainda não foi oficialmente comunicada da decisão e aguardará a reunião com a família na semana que vem para esclarecer dúvidas e receios, além de conversar sobre as melhores alternativas.
O prefeito do Rio tinha explicado que a concessão dos dois quiosques ficaria com a família de Moïse até fevereiro de 2030.
Segundo a prefeitura do Rio, os quiosques Biruta e Tropicália serão transformados em um memorial e ponto de transmissão da cultura de países do continente africano.
Prefeitura vai transformar quiosques na Barra da Tijuca em memorial em homenagem ao congolês Moïse Kabagambe e à cultura africana — Foto: Divulgação/Prefeitura do Rio
O secretário municipal de Fazenda Pedro Paulo Carvalho disse que a transformação do quiosque é uma forma de reparação à família. E vai ser um espaço público de lembrança para que a barbárie não seja esquecida e não se repita.
Ele acrescentou ainda que as oportunidades de emprego ligadas aos dois quiosques deverão, também, ser oferecidas a refugiados africanos residentes no Rio.