Fundado em 11/10/2001
porto velho, sexta-feira 11 de julho de 2025
BRASIL: O ex-padre da cidade de Blumenau (SC) Alcimir Pillotto, de 71 anos, recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar e reverter a sua expulsão do clero por parte do Papa Francisco. A defesa do antigo clérigo tomou a decisão depois do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) considerar que não é responsabilidade da Justiça brasileira julgar o caso.
Pillotto recebeu a notificação do desligamento em setembro de 2021, ao ser acusado de revelar a confissão de fiéis e de ter mantido um relacionamento amoroso com sua secretária particular da Diocese de Blumenau, que morava na mesma casa que o ex-padre. A defesa do acusado alega, porém, que a mulher não mantinha qualquer vínculo do tipo com o cliente.
“Muitos padres têm esses secretários, na maioria homens, mas, com o Padre Pillotto, surgiu esse entrevero e desconfiança, por ela ser mulher, o que é um preconceito absurdo, sendo que [ele] nunca foi advertido e [a Igreja] aceitava que morassem na mesma residência”, argumenta o advogado Telêmaco Marrace, em petição.
A defesa alega que os dois moravam juntos há mais de 20 anos e nunca foram questionados sobre a convivência.
“A estrutura e a rotina na igreja é uma coisa complexa. O que acredito é que, em uma disputa de poder com outros padres no local, relatos mentirosos começaram a acusar e apontar um namoro que nunca existiu, justamente com o intuito de prejudicar e retirar o título dele”, afirmou Marrace.
De acordo com o advogado, a decisão do papa foi publicada sem que o Tribunal Eclesiástico, divisão interna da Igreja Católica que julga casos como o de Pillotto, terminasse de organizar a defesa do ex-sacerdote.
“Na minha opinião, os juízes de Blumenau não julgaram o mérito da questão. Como não posso recorrer mais ao Tribunal Eclesiástico, porque as decisões do papa não são questionáveis, decidi entrar no STF, alegando que a medida fere o direito constitucional de ampla defesa do padre”, reforçou.