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porto velho, sábado 12 de julho de 2025
O Galo da Madrugada volta a lotar de foliões as ruas do Recife, capital de Pernambuco, neste sábado, 18, após uma espera de dois anos, por causa da pandemia da Covid-19. Apontado como maior bloco de Carnaval do mundo pelo Livro dos Recordes (Guinness World Book) desde 1995 até hoje, a agremiação deve reunir mais de 2 milhões de pessoas de uma só vez neste ano, segundo expectativas da organização do evento. O bloco completa 45 anos em 2023, se reafirmando como uma das atrações mais esperadas das festas de Momo e uma das mais emocionantes para muitos. Há quem não deixe de ir ao Galo por nenhum motivo, fazendo da ocasião anual uma tradição de família que alimenta o corpo e o espírito para se manter bem durante o restante do ano. É o caso da professora aposentada Lucimery Monteiro, 53, que vive na cidade de Carnaíba, no Sertão pernambucano, a 420 quilômetros de distância da capital ou seis horas de carro na estrada. Ela diz que só não foi ao bloco em duas ocasiões: quando teve sua primeira filha, poucos dias antes da festa, e nos dois anos da pandemia. Agora, mesmo lutando contra um câncer que reapareceu, Lucimery diz fazer questão de reviver as emoções do bloco: “É uma paixão que vai ser até o fim”, disse em conversa com o site.
“Eu brinco o Galo da Madrugada há mais de 28 anos, desde quando ainda era solteira. Depois de casada continuei indo. Todos os anos, a gente vem e fica na casa da minha irmã, no Recife. Sou uma apaixonada pelo Galo, e o meu esposo desenvolveu esse mesmo amor. No sábado cedinho estamos sempre lá na saída do bloco, na Praça Sérgio Lorêto. Nunca ficamos em camarote, sempre nos fantasiamos e brincamos na rua. A paixão pelo Galo da Madrugada é uma coisa única. É onde tudo começa. É o lugar que, se eu não for, não houve Carnaval para mim. Todos os anos, quando toca o hino do Galo, na voz de Almir Rouche, que ele começa ‘Galo, eu te amo’, eu me emociono muito, choro mesmo. É uma experiência única”, comenta a aposentada. Ao falar sobre a multidão que prestigia o bloco todos os anos, Lucimery diz colocar sua alegria na frente do medo: “Enfrentar o Galo da Madrugada é para os fortes, é para quem gosta… É para quem gosta de folia mesmo!”, reforça.
No 44º desfile do Galo da Madrugada, neste sábado de Zé Pereira, as principais tradições do bloco são retomadas, desde sua estátua gigante – um dos maiores símbolos da festa pernambucana de Momo – montada na Ponte Duarte Coelho, no centro do Recife, até a enorme quantidade de atrações e a longa duração do evento. Ao todo, serão seis carros alegóricos e 30 trios elétricos, com mais de 50 artistas e bandas tocando músicas ininterruptamente em um percurso de 6,5 quilômetros, das 9 horas até às 18h30. O folião Luiz Carlos Mendes, 60, que vai ao bloco há 40 anos seguidos, período interrompido apenas pela crise sanitária, relembra a falta que a maratona da agremiação deixou na sua vida: “Ficou um vácuo, uma lacuna horrível, falta mesmo, dor no peito. Sentia uma angústia me questionando se haveria novamente o Galo da Madrugada ou se eu iria sobreviver à pandemia para ir a um próximo Galo. E consegui. Conseguimos”.
Ansioso para chegar ao bloco neste sábado, Lula, como é apelidado pelos amigos, faz referência a uma “magia” presente no desfile. “Prefiro a surpresa, o glamour, a espera sobre o que eu vou ver. É belíssimo encontrar a irreverência e a alegria do povo. O Carnaval de Recife é irreverente, lúdico, barato, com qualquer dinheiro se brinca. Não precisa ter status também. Aqui se brinca Carnaval de verdade. Aqui se vive Carnaval. Para mim, é uma das festas mais bonitas que existe. Você sente a liberdade das pessoas, dos brasileiros, principalmente dos nordestinos, povos tão massacrados. É a oportunidade que o povo tem de se divertir e ser feliz. Tudo aquilo que acontece no Galo é muito bonito, não tem explicação”, comenta. Para ele, a tradição de ir ao bloco é tamanha que até o lugar onde estaciona o carro todos os anos é o mesmo. Na multidão, também costuma ficar sempre na mesma região, perto da saída dos trios elétricos e carros alegóricos, de modo que possa ver tudo com tranquilidade, chegando pouco depois das 7h e indo embora próximo às 14h. Sobre o futuro, Lula aposta em muitas outras edições participando do bloco: “Tudo depende de Deus. E como eu sei que Deus é alegre, vai ter Galo da Madrugada sempre. Isso vai continuar passando de geração para geração. Vai se perpetuar”.