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porto velho, sábado 12 de julho de 2025
BRASIL - A mulher de 45 anos que desmaiou após ser golpeada com um carrinho de compras em um supermercado disse que pediu ajuda ao Ministério Público de Goiás (MP-GO), porque o agressor Rogério Santos, de 36, não foi preso. Revoltada, ela disse que ele assumiu o risco de matá-la, agiu intencionalmente e qualquer pessoa poderia ter sido agredida por ele.
“Eu estou buscando os meios legais para que ele seja detido e não faça isso com mais ninguém. A polícia fez o seu trabalho com excelência, mas a lei é falha. Agora esperamos a decisão da Justiça! E eu ainda acredito nela! É o que me resta!”, disse.
Ao g1, o homem disse que a vítima praticou bullying contra ele e o chamou de "gay". A vítima negou.
Em nota, o MP-GO informou que, tendo em vista que o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO), (veja abaixo o que é TCO) já foi assinado pelo agressor, e audiência marcada para o dia 19 de junho deste ano, o Ministério Público vai analisar o caso nesta data. Segundo o MP, o órgão vai acompanhar o decorrer do caso.
Com medo, a vítima preferiu não se identificar e contou que não conhece Rogério e sequer olhou para ele no dia da agressão. De acordo com o delegado Guilherme Rocha, Rogério foi encaminhado à delegacia, que registrou o caso como lesão corporal de natureza leve. Por isso, o agressor foi liberado e assinou um TCO, que é o registro de uma infração de crimes de menor relevância, com pena máxima de até dois anos de prisão ou multa
Segundo Guilherme Rocha, o relatório médico da vítima constatou lesões superficiais, que não configuraram tentativa de homicídio, mas sim lesão corporal.
“Não há um meio termo entre os dois. A regra no ordenamento jurídico é que a pessoa responda em liberdade. O crime de lesão corporal não permite a representação por prisão preventiva ou concessão de fiança, caso ele assine o TCO. De acordo com a técnica foi dada a autuação para o caso.”, disse.
Com esperança de que o MP-GO ajude no caso, a vítima comentou o registro policial do caso.
“Até o momento, pela lei, sabemos, é considerado apenas uma lesão corporal leve, e este é o motivo de ele estar solto. Graças a Deus, tenho uma boa resistência física e ele não conseguiu causar um traumatismo craniano em mim ou algo pior”, detalhou.
A vítima relembrou os momentos que viveu durante e após a agressão.
“Eu perdi a consciência e os movimentos temporariamente e fui carregada por terceiros até uma cadeira de rodas, sentido uma dor insuportável na cabeça que me impedia até mesmo de falar”, disse.
Sobre a versão do agressor, a vítima negou que tenha falado com ele.
"Ele começou a mentir, dizendo que eu o xinguei, para assim justificar a violência dele e ninguém fazer nada. Em nenhum momento eu o xinguei, nem dirigi uma palavra a este homem, nem lancei nenhum olhar para ele que pudesse resultar em um desentendimento. Eu estava apenas seguindo minha vida e meus afazeres, como uma cidadã comum. E aconteceu esse atentado", detalhou.
O delegado detalhou que Rogério tem uma passagem criminal por tentativa de homicídio, no âmbito de violência doméstica. A informação é um dos motivos que preocupou a vítima e motivou que ela não se identificasse, segundo ela.
“Soube depois do fato que ele tem precedentes de agressão e aí fiquei mais preocupada com a segurança de outras pessoas na rua. Poderia ter sido com qualquer pessoa ali presente. E, por este motivo, procurei o MP”, disse.
O caso aconteceu no dia 16 deste mês, no Atacadão Dia a Dia, em Santo Antônio do Descoberto, no Entorno do Distrito Federal. Pelas imagens, foi possível ver quando os dois estavam na fila do caixa de pagamento, Rogério se afastou, levantou o item e jogou na cabeça da cliente, que caiu.
A vítima disse que estava na fila do caixa esperando sua vez para pagar as compras, momento em que pegou o celular para gravar um áudio desmarcando um compromisso com outra pessoa. Enquanto ela usava o celular, Rogério saiu da fila, como mostra o vídeo.
“Sem esboçar nenhuma reação brusca, nem proferir nenhuma palavra, [o agressor] caminhou lentamente para o lado e deduzi que ele ia apenas trocar de carrinho. Momento em que segui gravando o segundo áudio e dei um passo a frente. De repente, sem que eu entendesse o motivo, ele atingiu a minha cabeça”, detalhou.
Abalada com a agressão, a vítima desabafou.
"Ele assumiu o risco de me matar, agindo dolosamente, e, na hora, o mais letal que ele achou por perto foi um carrinho de supermercado. Um carrinho pesado daquele, mais a força que foi lançado, praticamente dobra de peso! Acertou uma região frágil da minha cabeça, as têmporas", finalizou.