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porto velho, sábado 16 de novembro de 2024
No Brasil, a fantasia e o espetáculo bizarro parecem capturar mais atenção do que a reflexão e a filosofia. Nos últimos anos, uma geração de ídolos surgiu em um cenário de entretenimento fugaz, elevando figuras até então desconhecidas a fenômenos de mídia – e, muitas vezes, à riqueza.
Manoel Gomes, com sua viral "Caneta Azul", tornou-se milionário, enquanto o "Luva de Pedreiro" com seu bordão "receba" é convidado de honra em eventos internacionais, como as finais da Champions League. Ambos exemplificam um fenômeno popular que ultrapassa fronteiras, encantando uma audiência ávida por autenticidade, mas que acaba sendo seduzida pela alienação cultural monstruosa.
Pablo Marçal, com promessas como a construção de um prédio de um quilômetro de altura, também atraiu legiões de seguidores, que compraram o impossível como se fosse realidade. Em um cenário onde sonhos inalcançáveis se tornam atrativos, figuras como Marçal reforçam uma tendência de fuga da realidade.
A popularidade de influenciadores como Deolane Bezerra e Virgínia Fonseca também ilustra o impacto da cultura digital no emburrecimento coletivo. Deolane, com milhões de seguidores, enfrenta acusações de fraude, mas continua a influenciar um grande público. Virgínia Fonseca, por sua vez, construiu um império midiático baseado em sua vida pessoal, compartilhando detalhes íntimos e promovendo produtos que se tornam tendências nacionais. Ambas se destacam por transformar o cotidiano em espetáculo, alimentando o culto à celebridade e impactando a maneira como o público consome entretenimento e informação.
Nesse contexto, o influenciador Felipe Neto surge com uma visão discrepante. Conhecido por sua ampla base de seguidores, Neto muitas vezes critica a superficialidade desse cenário e busca promover temas como educação e política em suas redes sociais com exemplos chulas e ainda tem muita gente que o segue. Ele desafia o entretenimento vazio, alertando sobre a crescente preferência por ídolos que, segundo ele, contribuem para a alienação cultural. Essa postura contrasta fortemente com a trajetória de figuras que, mesmo sem conteúdo significativo, conquistam fama e fortuna, ilustrando a polarização de opiniões e valores no país que, sob a batuta de Lula, já está à beira do precipício.
Esses novos ídolos não representam apenas fama; eles refletem um momento cultural onde o espetáculo se sobressai ao conteúdo, e promessas vazias se tornam mais atrativas que a realidade.
E nesse embate, opiniões como a de Felipe Neto e os demais acima citados, expõem o choque entre a busca por relevância e a celebração da macabra fantasia nesse fosso abissal que se tornou a internet.
Arimar Souza de Sá - O autor é jornalista e advogado