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porto velho, quinta-feira 21 de novembro de 2024
Eleição da OAB-RO: - Uma vitória nas cinzas, de uma batalha penosa e desgastante
A reeleição de Márcio Nogueira à presidência da OAB-RO para o triênio 2025-2027, com 3.716 votos contra os 3.000, cravados, de Eurico Montenegro, foi muito mais do que um simples pleito: Foi um confronto feroz, onde as becas foram trocadas por espadas e as prerrogativas pela sede de poder.
No palco da advocacia rondoniense, o que se viu foi uma ópera marcada por notas dissonantes, expondo as fragilidades humanas daqueles que deveriam zelar pela harmonia social na condição de costureiros das fraldas rasgadas da sociedade, nestas plagas descobertas por Rondon.
Os bastidores dessa eleição se transformaram em um campo de batalha. As chamas do extremismo queimaram pontes e iluminaram falhas que, ironicamente, os operadores do direito deveriam remenda-las. A justiça, que deveria ser bandeira, virou arena de disputas mesquinhas, com processos judiciais se tornando a solução para desavenças internas.
E, no ápice do embate, uma declaração cortante ecoou como um trovão na festa da vitória: um advogado agradeceu a Deus pelo triunfo de Márcio, afirmando que a derrota seria a entrega da Ordem a "forças ocultas", num flagrante e vergonhoso de desrespeito aos colegas, que lutam como ele, nos balcões dos fóruns, para ganhar o pão nosso de cada dia.
Tais palavras que cortaram o ar como uma lâmina e causaram repulsa e nojo, enquanto o presidente reeleito, em silêncio, assistia a mais uma costura desalinhada no tecido já esfarrapado da nossa OAB-RO, fazendo Maquiavel se energizar no túmulo com a velha frase: "Os fins justificam os meios", significando dizer que, se os objetivos forem importantes o suficiente, qualquer método para os atingi-los é aceitável, lamentavelmente!
Agora, o presidente da nossa Casa, Márcio Nogueira, tem diante de si um desafio monumental: reconstruir o que foi destroçado, unir os cacos espalhados no chão e apagar os incêndios da polarização. Será preciso mais do que liderança; será necessário um verdadeiro ato de alquimia para transformar o chumbo pesado da discórdia em ouro puro de unidade da advocacia e nossa terra.
A advocacia rondoniense, da qual faço parte, que deveria ser o farol na escuridão das incertezas sociais, terminou esse processo eleitoral e, por honestidade e cortando na própria carne eu preciso admitir, como uma embarcação danificada, à deriva em um mar de rancores.
A bússola, agora nas mãos de Márcio, precisa apontar não apenas para o futuro, mas para uma rota que reconcilie interesses contrariados e recupere a dignidade perdida, diante de uma sociedade atônita, imaginando que, com quem opera o direito, perdão pelo termo, “o buraco é mais embaixo”.
O tempo dirá se o novo comandante, que disse logo após a vitória: que a advocacia tinha duas propostas para escolher, o amor e o ódio e a advocacia escolheu o amor" (ipsis litteris ) - será capaz de navegar por essas águas turbulentas, ou se a Ordem continuará à mercê das tempestades que ela mesma provocou, sem imaginar que todos nós votantes, fazemos parte dela.
Se esta minha humilde opinião como operador do direito servir para alguma coisa, diante de nossaa OAB dividida, peço a reflexão de todos, estendendo meus braços no que puder fazer.
Boa sorte ao nosso Presidente. Que Deus o ilumine, e que assim seja!
AMÉM!
O autor é advogado – Arimar Souza de Sá - OAB/RO - 1515