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porto velho, segunda-feira 24 de novembro de 2025

PORTO VELHO (RO) - Apresentado pelo jornalista e advogado Arimar Souza de Sá, o programa A Voz do Povo desta segunda-feira (24) recebeu os professores Beto Reis e Maria Santiago, que falaram sobre a história de Rondônia e suas nuances.
De acordo com Beto Reis, Rondônia conta com dois ciclos históricos em sua formação cultural.
“Existem duas Rondônias: uma no final do século 19 e início do século 20, quando a borracha traz o nordestino para cá; e uma outra Rondônia, na década de 70, quando, com o projeto de assentamento do governo militar, começam a surgir novos municípios, que passam por um processo de colonização diferenciado — e isso cria outra cultura”, disse Beto Reis.
O professor ainda relatou que Porto Velho e Guajará-Mirim tiveram uma formação cultural distinta do interior do Estado.
“Porto Velho e Guajará mantiveram um processo cultural ligado aos nordestinos, por isso temos quadrilha, boi-bumbá... e aí você tem uma manifestação sulista que traz uma identidade diferente”, pontuou Beto Reis.
Já para a professora Maria Santiago, o Estado ainda passa por esse processo de transformação.
“Rondônia ainda passa por um processo de adaptação e reformulação da sua população. A gente importou muitos modelos, isso traz uma referência cultural, mas começamos a aprimorar nossa cultura, nossos costumes”, afirmou Maria Santiago.
Ela também destacou o abandono social e cultural sofrido pelos soldados da borracha.
“A minha percepção sobre a vinda dos soldados da borracha e a permanência deles é de que foram pessoas muito importantes para a economia do país e que não tiveram o devido reconhecimento. Se observarmos os herdeiros dos soldados da borracha, veremos que muitos estão nas periferias da cidade. Vieram do Nordeste e foram abandonados sem o reconhecimento dos seus direitos”, comentou a professora.
Beto Reis relembrou o processo histórico do garimpo no estado de Rondônia.
“Antes do garimpo do ouro, houve o da cassiterita, que hoje é o que sustenta a economia de Rondônia. Depois veio o garimpo do ouro no rio Madeira, na década de 80, quando era ouro de aluvião retirado dos barrancos; hoje são as dragas que extraem do fundo do rio. Essa atividade foi, por muito tempo, essencial, mas atualmente o grande impasse é a poluição que causa”, destacou o professor.
Maria Santiago finalizou ressaltando a necessidade de o povo de Rondônia valorizar sua própria história.
“A história, de modo geral, é contada pelos vencedores, nunca pelos marginalizados. Isso se reflete também na nossa trajetória. Muitas pessoas não tiveram oportunidade de contar suas próprias histórias. A gente tem o hábito de valorizar muito o que é de fora e deixa de reconhecer e valorizar o que é nosso”, finalizou a professora.
Veja A Voz do Povo: