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porto velho, quinta-feira 26 de dezembro de 2024
A PAIXÃO UMA INVENÇÃO DE DEUS
Por Arimar Souza de Sá
A paixão, queiramos ou não, um dia, certamente nos pegará. Tudo é uma questão de tempo. Precisamente é uma doença da alma!
Apaixonamo-nos pelos estudos, pela profissão, pela política, pelo poder... Não obstante, nada é mais profundo do que a paixão de um ser humano por outro. É como se tudo acontecesse nos mistérios profundos da inconsciência e sem controle. Não há um botão mágico para nos dar a direção. Quando chega, pega, faz folia, inflama a alma e tortura impiedosamente o coração.
Assim, sob o termômetro da paixão, colocamo-nos no fio da navalha e a um fio da hipersensibilidade. Pela paixão, alcançamos o fim do ser, a graça entressonhada e vibramos na excitação de fortes emoções.
Por isso, ficamos frágeis, desossados, qualquer vento pode nos derrubar, levar o nosso corpo para o abismo, já que a alma agora não nos pertence, isto é, posse absoluta da pessoa amada.
De modo que transformamos o ser por quem nos apaixonamos em algo superior a todos os valores, como a dignidade, o orgulho e, nesta avalanche abissal, perdemos a força e o equilíbrio, daí os erros, os grosseiros enganos que cometemos sob a vergasta de aguda paixão.
É como se saíssemos do estado real para viver uma ficção diluvial, importando poucos os vendavais críticos que nos rodeiam. É como lançar-se precipite cego, de corpo e alma, pela ladeira da loucura sobre-existindo nas montanhas da ilusão.
Para o apaixonado nada é mais importante que o ardor da paixão. É mais ou menos como as chamas de um vulcão em erupção, ela vem de dentro queimando artérias, transformando o corpo em cinzas ou num sonho pálido do que fora anteriormente.
A paixão cega, escraviza, é a droga da “braba” que atinge a alma, o importante é que, como o fogo dos vulcões, as águas diluviais, ela passa e na lâmina da amnésia temporal ela se transforma em sonho e o sonho as vezes se apaga apenas numa noite.
Como as coisas passageiras ela tem o poder de revigorar-se a qualquer instante e aí, às vezes, gera o infortúnio. É quando matamos e ofendemos a pessoa amada, muita das vezes, sem jeito para o reparo depois.
De certo, o conteúdo da paixão não pertence a dois ao mesmo tempo..., por isso que a dor que se aprofunda de um lado encontra a indiferença do outro. E isso só pode ser coisas de Deus!
Sim, Deus, somente Ele é capaz de nos permitir abrasar a alma e o corpo para nos deixar frágeis e fortes ao mesmo tempo. Frágeis quando perdemos o próprio eixo. Fortes quando enfrentamos todos os desafios e rompemos até as portas do inferno para encontrar a pessoa amada, ainda que ela não valha nada.
Assim, quando assistires a alguém vagando na rua olhando para o céu à procura de estrelas ou à réstia de luz num apartamento qualquer, provavelmente, este ser estará sob o domínio e a vergasta da paixão, dir-se-ia um louco, chafurdando na liturgia do amor. Silencie.
Por isso, eu, tu, ele, um dia fomos loucos, na juventude ou na velhice, no vazio que perfura a alma e nos coloca no espaço da paixão. E aí, como na morte, nos nivelamos carne osso e emoções porque quanto mais paixão existir, melhor será a poesia da vida que cada um produzirá, ainda que tudo vire risada no depois.
AMÉM!