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porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024
BRASIL: Guiada pelo barateamento dos combustíveis, dos carros novos e dos alimentos, a inflação oficial do Brasil perdeu ritmo pelo quarto mês consecutivo e apresentou deflação de 0,08% em junho, de acordo com dados publicados nesta terça-feira (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A queda de preços apurada pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) não ocorria desde setembro do ano passado (-0,29%). A deflação também é a primeira para meses de junho desde 2017.
Com a variação negativa, a inflação mantém a trajetória iniciada em maio do ano passado e passa a acumular alta de 3,16% nos últimos 12 meses, o menor nível desde setembro de 2020 (3,14%). No primeiro semestre, o índice apresenta uma alta de 2,87% nos preços.
O valor também mostra o índice de preços dentro do intervalo da meta preestabelecida pelo governo para 2023, de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual (de 1,75% a 4,75%), pelo quarto mês consecutivo. No entanto, é a primeira vez que o IPCA figura abaixo do centro da meta neste ano.
Diante da queda dos preços, o BC (Banco Central) reduziu de 83% para 61% o risco de o IPCA estourar a meta neste ano. Já os analistas do mercado financeiro preveem alta de 4,95% do índice no acumulado dos 12 meses, encerrados em dezembro.
No mês, os grupos de alimentação e bebidas (-0,66%) e transportes (-0,41%) foram os que mais contribuíram para a deflação. “Alimentação e bebidas e Transportes são os grupos mais pesados dentro da cesta de consumo das famílias. Juntos, eles representam cerca de 42% do IPCA. Assim, a queda nos preços desses dois grupos foi o que mais contribuiu para esse resultado de deflação no mês de junho”, explica André Almeida, analista da pesquisa.
A deflação do grupo alimentos e bebidas foi influenciada, principalmente, pelo recuo nos preços da alimentação no domicílio (-1,07%). Entre os itens, destacam-se as quedas do óleo de soja (-8,96%), das frutas (-3,38%), do leite longa-vida (-2,68%) e das carnes (-2,10%).
Já os alimentos consumidos fora de casa ficaram 0,46% mais caros, percentual que corresponde a uma desaceleração em relação ao mês anterior (+0,58%). A variação foi influenciada pelas altas menos intensas dos lanches (+0,68%) e das refeições (+0,35%).
“Nos últimos meses, os preços dos grãos, como a soja, caíram. Isso impactou diretamente o preço do óleo de soja e indiretamente o preço das carnes e do leite, por exemplo. Essas commodities são insumos para a ração animal, e um preço mais baixo contribui para reduzir os custos de produção. No caso do leite, há também uma maior oferta no mercado”, afirma Almeida.
No grupo de transportes, a nova queda de preços foi impactada pelo recuo no preço dos automóveis novos (-2,76%) e usados (-0,93%), movimento que vem em linha com o programa do governo federal que ofereceu descontos para a compra de veículos zero-km de até R$ 120 mil.
“O subitem automóvel novo foi o de maior impacto individual no mês. Essa redução nos preços está relacionada ao programa de descontos para compra de veículos novos, lançado em 6 de junho pelo governo federal. Isso pode ter relação também com a queda dos preços dos automóveis usados", destaca Almeida.
Na relação dos combustíveis, 1,85% mais baratos, foram registradas quedas nos valores do óleo diesel (-6,68%), do etanol (-5,11%), do gás veicular (-2,77%) e da gasolina (-1,14%) em junho, na comparação com o mês anterior.
"Todos os combustíveis pesquisados apresentaram queda. Além disso, a gasolina é o subitem de maior peso individual no IPCA, com 4,84%. A queda na gasolina, neste mês, teve um impacto de -0,06 ponto percentual no índice”, destaca o analista.