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    porto velho, sábado 21 de setembro de 2024

Dólar fecha no menor valor desde setembro, a R$ 5,27; Ibovespa opera em alta

Moeda norte-americana encerrou com desvalorização de 0,62%, enquanto o principal índice da bolsa registra ganhos de 0,83%


cnn

Publicada em: 01/02/2022 16:56:45 - Atualizado

O dólar caiu 0,62% nesta terça-feira (1º), cotado a R$ 5,273, o menor valor desde 16 de setembro de 2021, quando ficou a R$ 5,266 na venda.

A moeda deu sequência às fortes perdas registradas nas últimas três sessões, conforme o investidores focam na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa básica de juros, a taxa Selic, que começou hoje e termina na quarta-feira (2). O mesmo motivo também puxa o Ibovespa para cima.

Ações de Vale buscavam recuperação da queda forte da véspera e davam suporte ao índice, enquanto papéis de petrolíferas recuavam. Por volta das 17h, horário de Brasília, o principal índice da bolsa tinha ganhos de 0,83%, aos 113.074,13 pontos – caminhando para fechar na maior alta desde 18 de outubro de 2021 (114.428 pontos).

Na segunda-feira (31), o dólar fechou em queda de 1,59%, a R$ 5,305, encerrando janeiro com uma desvalorização de 4,80%. Já o Ibovespa subiu 0,21%, aos 112.144 pontos, acumulando uma alta de quase 7% no mês.

O real tem sido beneficiado por um cenário de migração de investimentos para mercados emergentes e ligados a commodities diante da expectativa de alta de juros pelo Federal Reserve, junto com as altas na Selic realizadas pelo Banco Central, que devem continuar em 2022.

A expectativa do mercado é que o Copom eleve a taxa básica de juros, a taxa Selic, em 1,5 ponto percentual na quarta-feira, de 9,25% para 10,75% ao ano. O movimento favorece o real, tornando os títulos do Tesouro mais atrativos, mas é negativo para as ações, já que também torna a renda fixa mais atrativa que a variável.

Nesse cenário, o saldo de investimentos estrangeiros em janeiro ficou positivo em mais de R$ 28 bilhões.

Commodities

Os investidores também têm realizado um processo de migração para áreas ligadas a commodities e para os mercados emergentes, o que favorece o Brasil e o real, já que a bolsa brasileira possui uma grande quantidade de empresas ligadas ao setor.

Na bolsa, ações como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 e PETR4) são beneficiadas pelas altas do minério de ferro e do petróleo, e são integrantes importantes do Ibovespa.

Expectativas de mais medidas pró-crescimento na China, enquanto pressões econômicas baixistas persistem, estão aumentando as esperanças de uma recuperação na demanda por metais, disseram analistas, o que leva a altas nos preços.

No caso do petróleo, analistas do Goldman Sachs afirmam que os preços do petróleo Brent devem superar os US$ 100 por barril neste ano. Segundo eles, o mercado de petróleo continua em um “déficit surpreendentemente grande” já que o efeito da variante Ômicron do coronavírus na demanda pela commodity é, até agora, menor do que o que era esperado. Além disso, as tensões na Ucrânia afetam os preços.

Brasil

Na cena local, o aumento do risco fiscal segue no radar dos investidores. Um projeto de lei sobre os impostos sobre combustíveis, chamada de PEC dos Combustíveis, elevou os temores de um descontrole fiscal.

Um analista de mercado define que a percepção é que o governo está partindo para o tudo ou nada, e deve caminhar para medidas mais populistas para elevar sua popularidade até as eleições.

Segundo projeção da equipe de análise da XP, a PEC pode diminuir a arrecadação entre R$ 70 bilhões e R$ 100 bilhões. Entretanto, o governo já discute incluir apenas o diesel no texto, sem a gasolina.

Ontem, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que é o Congresso quem deve apresentar a PEC dos combustíveis. O presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL), disse que a PEC vai focar no diesel. Em evento nesta terça-feira, o ministro Paulo Guedes também se colocou como favorável à ideia.

Se de fato a isenção se restringir ao diesel, a perda de arrecadação deve cair de R$ 70 bilhões para R$ 20 bilhões. A avaliação de analistas é que o mercado pode reagir bem com um subsídio mais modesto – mas não descartam a pressão por mais isenções.

Fed

Na semana anterior, o mercado continuou a precificar uma possível alta de juros nos Estados Unidos depois da reunião de política monetária do banco central norte-americana e seu comunicado, divulgado na quarta-feira (27).

O documento não trouxe grandes novidades para os investidores, com o Fed mantendo os juros no intervalo entre 0% e 0,25%, mas afirmando que espera ter as condições necessárias para elevar as taxas “em breve”. A expectativa é de alta na reunião de março.

O tom do comunicado mais ameno chegou a impulsionar as bolsas, mas os índices tiveram queda com o teor mais rígido do presidente da instituição, Jerome Powell, na entrevista coletiva logo depois.

A perspectiva de elevação dos juros aumenta a atratividade da renda fixa sobre as ações nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, pode fazer com que investidores busquem mercados mais resilientes e baratos, como o europeu e os emergentes, e migrem para ativos em alta, como as commodities.

Qualquer alta de juros no país, porém, pode afetar os investimentos no Brasil, já que torna os títulos do Tesouro norte-americana ainda mais atrativos para os investidores.


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