O Ibovespa subia 0,01%, cotado a 119.060 pontos, por volta das 14h04 desta sexta-feira (25), alternando entre leves variações positivas e negativas.

Por um lado, o índice é puxado para baixo em meio a perdas nos Estados Unidos após um dos diretores do Federal Reserve afirmar que apoiaria uma alta de 0,5 ponto percentual nos juros em maio, intensificando apostas em um banco central mais agressivo, o que é negativo para a renda variável global. Ao mesmo tempo, ações mais sensíveis aos juros brasileiros sobem após falas do presidente do Banco Central.

No mesmo horário, o dólar caía 1,41%, a R$ 4,763, no menor valor em mais de dois anos. Apesar da aposta em um Fed mais agressivo favorecer o dólar, o real tem sido beneficiado por um fluxo de investimentos estrangeiros apoiado nos juros altos do Brasil – um dos maiores do mundo -, ativos considerados descontados na bolsa de valores e pela busca por mercados ligados a commodities, cujos preços dispararam.

A queda ganhou mais força após falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Ele reforçou a afirmação da véspera de que prevê o fim do ciclo de alta da Selic em maio, em 12,75%.

Entretanto, afirmou que a “porta está aberta” para uma possível alta na reunião de junho dependendo de novas disrupções ou intensificação da crise, mesmo avaliando que isso não seja o mais provável. O mercado espera juros em torno dos 13%.

Os investidores também repercutem o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação. O indicador de março teve alta de 0,95%, acima do esperado, o que também reforça as apostas em elevações mais fortes da taxa básica de juros, a taxa Selic, e beneficia o real.

Para André Perfeito, economista-chefe da Necton, o IPCA-15 de março “continua mostrando um alto nível de difusão. A quantidade de subitens (ou seja, no nível do produto) chegou a 75,48%, o maior valor desde fevereiro de 2020 pelo menos”.

“Os números sugerem que o cenário de Selic em 13,25% se mantém, com uma alta de 100 pontos seguido por mais outra de 50 pontos”, afirma.

Na quinta-feira (24), o dólar recuou 0,28%, a R$ 4,831, o menor valor de fechamento desde 13 de março de 2020. Já o Ibovespa subiu 1,36%, aos 119.052,91 pontos, maior patamar desde 1º de setembro de 2021.

Petróleo

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia no dia 24 de fevereiro, os mercados de petróleo mostram a maior volatilidade em dois anos, com os preços da commodity chegando a bater níveis vistos pela última vez em 2008.

O petróleo caiu na quinta-feira, depois que os países da União Europeia (UE) não concordaram com um plano para boicotar o petróleo russo e os Estados Unidos e seus aliados discutiram uma possível nova liberação de reservas. Entretanto, o tipo Brent segue rondando os US$ 120 devido à possibilidade dessa proibição ainda ser anunciada.

Se comparado com anos anteriores, o petróleo segue em valores elevados, devido ao descompasso entre oferta e demanda da commodity, com os principais produtores, reunidos na Opep+, ainda não retomando os níveis de produção pré-pandemia. O quadro foi intensificado com as tensões na Europa.