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porto velho, segunda-feira 25 de novembro de 2024
BRASIL: O poder de consumo dos brasileiros sofreu mais um grande impacto após a inflação de março acelerar 1,62%, e o acumulado dos últimos 12 meses ter fechado em 11,62%. Isso porque o aumento dos preços ocorreu em praticamente todos os setores.
As famílias, principalmente com as rendas mais baixas, se perguntam como suportar tantos reajustes de uma só vez. A resposta ficou ainda mais difícil com a maior variação de preços para um mês de março desde 1994.
A alimentação e os combustíveis foram os mais impactados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Especialistas ouvidos pela CNN deram dicas para que as famílias brasileiras tentem minimizar os efeitos dos preços elevados. A primeira coisa é aprimorar o planejamento financeiro.
Segundo os economistas, as pessoas precisam entender suas condições financeiras, saber exatamente o que entra (renda) mês a mês e quais são suas despesas fixas e básicas, como aluguel, condomínio, água, luz, internet, gás, transporte e alimentação.
A economista e professora do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) Juliana Inhasz explica a comida é o que mais apresenta margem para ajustes nos gastos.
“O primeiro corte é na alimentação não essencial, ou seja, deixar de comer a pizza do final de semana ou ir comer fora. Logo em seguida os ajustes surgem com a troca de marcas de produtos essenciais. Escolher a marca mais barata do feijão, do arroz, deixar de comprar verduras orgânicas, fazer uma pesquisa de preços, buscar promoções e escolher os mercados mais em conta para aquilo que você precisa”, explica.
Para o economista sênior da América Latina pela Oxford Economics, Felipe Camargo, é essencial se planejar para comprar a alimentação diária em supermercados, ao invés de optar por comer fora. Segundo ele, há algumas dicas para substituir determinados produtos por outros similares ou marcas diferentes.
“Pode-se substituir a escolha mais tradicional do feijão preto pelo feijão carioquinha (rajado), que subiu muito menos no acumulado dos últimos dois anos, quando a pandemia começou. Substituir o fubá por outros tipos de farinha, que subiram menos. A batata inglesa por batata doce, ou até mesmo inhame, que são tipicamente mais baratos e subiram menos”.
O especialista pela Oxford Economics chamou atenção das famílias que estão preocupadas com o orçamento, para as frutas com a letra “M” que, coincidentemente, subiram muito pouco. “Fica a dica para quem consegue encontrar e gosta de mamão, maçã, manga, maracujá e melancia em sua região”.
No atual momento, os dois economistas ouvidos pela CNN ressaltaram que temporariamente, é válido substituir carnes vermelhas, especialmente as de primeira, por carnes de segunda ou, preferencialmente, por carnes brancas como a de porco, frango e o peixe.
Outros itens que tiveram alta expressiva, segundo o IPCA, não passaram despercebidos pelos analistas. Na habitação, o que mais encareceu no bolso do consumidor foi o gás de botijão – que seguiu o preço da gasolina. A dica do economista Felipe Camargo para quem tem poder de escolha é buscar residências com gás encanado. “Subiu bem menos do que o chamado gás de cozinha”, diz.
O aumento do preço dos combustíveis foi outra insatisfação popular. Uma das opções é escolher, quando possível, pelo carro a gás, que subiu 5% a menos do que a gasolina no acumulado dos últimos 2 anos. Porém, o ideal é utilizar mais os transportes públicos.
“As melhores opções são para quem tem acesso a transporte público de qualidade ou mora próximo do trabalho, porque reduzem bastante o gasto com transporte. A tarifa de ônibus, metrô, trem e até mesmo o táxi convencional não subiram 1/20 do preço do combustível no acumulado dos dois anos. (combustíveis subiram 70% em média, transporte público 3.5%)”, explicou Camargo.
A diversificação no aumento dos preços em quase todos os segmentos já era algo esperado, segundo Juliana Inhasz. A economista justifica esse índice de difusão aos efeitos do preço dos combustíveis que acaba encarecendo todos os setores e impactando em todas as cadeias produtivas.