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porto velho, quinta-feira 28 de novembro de 2024
A Petrobras está no centro das atenções do mercado financeiro desta sexta-feira, dia seguinte à publicação de seu balanço financeiro referente a 2023.
As ações da companhia caiam mais de 11% nesta manhã, em reação à decisão de não distribuir dividendos extraordinários aos investidores, conforme comunicado feito na noite da véspera.
O conselho da companhia propôs que o montante seja integralmente destinado para a reserva de remuneração.
Por volta de 11:25, os papéis preferenciais recuavam 9,98%, a R$ 36,36, enquanto as ações ordinárias tinham queda de 11,05%, a R$ 36,7, equivalente a uma perda de R$ 62,4 bilhões em valor de mercado. Os papéis lideravam com folga as perdas do Ibovespa, que cedia 1,39%.
Caso essas quedas sejam confirmadas no fechamento, serão os piores desempenhos percentuais em um dia desde fevereiro de 2021. No pior momento, as PNs recuaram 13,1%, a R$ 35,10, e as ONs caíram 14%, a R$ 35,47, representando uma perda de R$ 72,7 bilhões em valor de mercado.
Nesta quinta-feira, a estatal divulgou um lucro líquido de mais de R$ 124 bilhões no ano passado.
Esse resultado é o segundo maior da história da empresa, mas ficou quase 34% abaixo do registrado em 2022.
Apesar de optar por não distribuir os rendimentos extras, o conselho de administração autorizou o encaminhamento à Assembleia Geral Ordinária (AGO), prevista para 25 de abril de 2024, da proposta de distribuição de dividendos (aqueles cuja distribuição é obrigatória, segundo o estatuto da empresa), equivalentes a R$ 14,2 bilhões.
“A Petrobras decepcionou as expectativas do mercado quanto ao pagamento de dividendos extraordinários”, afirmaram analistas do Bradesco BBI, acrescentando que a empresa optou por reter caixa, enquanto o mercado esperava de 4 bilhões a 5 bilhões de dólares em pagamentos extraordinários referentes a 2023.
Vicente Falanga e Gustavo Sadka acrescentaram em nota a clientes que a decisão da empresa de pagar apenas R$ 2,9 bilhões em dividendos pelos resultados do quarto trimestre, com base no mínimo exigido pela política da estatal, “traz incerteza à política, que costumava ser muito clara”.
Após o anúncio da véspera, eles reduziram a sua premissa de US$ 5 bilhões por ano para dividendos extraordinários para US$ 2 bilhões por ano, além dos pagamentos mínimos de US$ 9,6 bilhões para o restante de 2024 e US$ 7,8 bilhões para 2025.
“Como resultado, não vemos mais o ‘dividend yield’ da Petrobras como atraente em comparação com seus pares globais… Assim, rebaixamos nossa recomendação para “neutra” e reduzimos nosso preço-alvo para 17 dólares por ADR (41 por ação PN) de 20 dólares (48 reais)”, afirmou a equipe do Bradesco BBI.
Analistas do Santander também cortaram a recomendação das ações da Petrobras para “neutra”, assim como o preço-alvo em 2024 para 18 dólares/ADR (47 reais/ação).
“Acreditamos que a falta de dividendos extraordinários manda sinais confusos em relação à estratégia de alocação de capital de curto prazo, especialmente porque vemos a Petrobras detendo cerca de 18 bilhões de dólares em caixa no final de 2023”, disse a equipe do Santander.
Também os analistas do Bank of America Caio Ribeiro e Leonardo Marcondes cortaram a recomendação dos papéis da companhia, bem como preço-alvo das ações para R$ 38 (16 dólares para o ADR) ante R$ 48 (20,2 dólares), citando expectativas significativamente mais baixas de retorno de caixa total e maior percepção de risco.
A Petrobras tem sido uma grande pagadora de dividendos a seus acionistas nos últimos anos, com distribuição generosas principalmente durante a gestão anterior, quando a empresa pagou significativamente mais do que qualquer outra grande petroleira ocidental durante pelo menos dois trimestres.
“A mensagem que foi passada é muito clara: os investidores devem esperar apenas dividendos mínimos para a Petrobras”, escreveram analistas do JPMorgan, dizendo que o pagamento do quarto trimestre representa um baixo yield de dividendos de 8,1% em 2024, “substancialmente abaixo dos pares”.