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    porto velho, quarta-feira 27 de novembro de 2024

Crianças brasileiras estão ficando mais altas e obesas, de acordo estudo

Pesquisadores da Fiocruz e da UFMG analisaram dados de mais de 5 milhões de crianças brasileiras; estudo foi publicado no The Lancet Regional Health - Americas.


CNN

Publicada em: 01/04/2024 16:40:56 - Atualizado

BRASIL: As crianças no Brasil estão ficando mais altas e obesas, de acordo com um novo estudo publicado no The Lancet Regional Health – Americas. A pesquisa foi conduzida por pesquisadores do Cidacs/Fiocruz Bahia (Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde da Fundação Oswaldo Cruz), em colaboração com a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e a University College London.

De acordo com os dados, entre 2001 e 2014 foi registrado um aumento de 1 cm na trajetória de altura infantil. As prevalências de excesso de peso e obesidade também apresentaram um aumento significativo entre os dados analisados.

“Esses resultados indicam que o Brasil, assim como todos os países do mundo, está longe de atingir a meta da [Organização Mundial da Saúde] OMS de ‘deter o aumento’ da prevalência da obesidade até 2030”, explica Carolina Vieira, pesquisadora associada ao Cidacs/Fiocruz Bahia e líder da investigação.

A pesquisa foi feita através da observação de medidas de mais de cinco milhões de crianças brasileiras. A equipe utilizou o banco de dados formado pela vinculação de três sistemas administrativos: o CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal), o Sinasc (Sistema de Informação de Nascidos Vivos) e o Sisvan (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional).

No total, foram analisados dados de 5.750.214 crianças, de 3 a 10 anos, que foram divididas em duas coortes: os nascidos entre 2001 e 2007, e os nascidos entre 2008 e 2014. Ainda foram levadas em conta as diferenças entre os sexos declarados, ou seja, foi estimada uma trajetória média de IMC (Índice de Massa Corporal) e altura para meninas, e outra para meninos.

A pesquisa constatou um aumento na trajetória média de altura da coorte de 2008-2014 de, aproximadamente, 1 cm em ambos os sexos, em comparação à coorte de 2001-2007. Quando à média de IMC, houve um aumento de 0,06 kg/m² entre meninos e 0,04 kg/m² entre meninas, para as duas coortes.

Ao comparar os dois grupos, a prevalência de excesso de peso para a faixa etária de 5 a 10 anos aumentou 3,2% entre meninos e 2,7% entre meninas. No caso da obesidade, o aumento da prevalência passou de 11,1% para 13,8% entre os meninos e de 9,1% para 11,2% entre as meninas (um aumento de 2,7% e 2,1%, respectivamente).

O mesmo se deu para a faixa etária de 3 e 4 anos. Houve um aumento do sobrepeso em 0,9% entre os meninos e 0,8% entre meninas. Já em relação à obesidade, houve um aumento de 4% para 4,5% nos meninos e de 3,6% para 3,9% nas meninas, ou seja, um crescimento de 0,5% e 0,3%, respectivamente.

Resultados positivos e negativos

Para Vieira, o fato de as crianças estarem mais altas “reflete o desenvolvimento econômico e as melhorias das condições de vida de anos passados” no Brasil. “Possuir uma estatura mais alta está associado a desfechos positivos na saúde, como menor probabilidade de doenças cardíacas, derrame, e maior longevidade”, afirma. Outros estudos já haviam percebido a tendência de aumento da altura dos brasileiros, entre as décadas de 50 a 80.

Por outro lado, a tendência de aumento da obesidade é preocupante. Esse cenário pode estar associado ao aumento do comportamento sedentário e da inatividade física das crianças, além de um maior consumo de alimentos ultraprocessados. Uma maior prevalência de obesidade está associada ao risco aumentado de doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e hipertensão.

“Vale destacar que esse impacto será ainda maior na população de crianças mais pobres, onde a prevalência da obesidade vem aumentando mais. As políticas de prevenção devem ser direcionadas de forma mais específicas para esse grupo social”, considera Vieira.

A limpeza do banco de dados estudado foi realizada de acordo com os valores identificados como “biologicamente implausíveis”, definidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Também foram excluídas do escopo do estudo crianças com registros incompletos ou inconsistentes.

Para Carolina, um dos destaques da pesquisa é a potencialidade dos dados administrativos para a produção de ciência. “Quando olhamos para os estudos de trajetória infantil, vemos que eles estão principalmente concentrados nos países de alta renda. Por meio da vinculação desses três diferentes sistemas governamentais, conseguimos construir uma estrutura longitudinal (com medidas de peso e altura para mais de 5 milhões de crianças) sem precedentes no mundo”, completa.





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