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porto velho, sábado 23 de novembro de 2024
PORTO VELHO-RO: Com o acesso cada vez mais elitizado e desprezando o cidadão comum ao direito de ter contato a um patrimônio construído e reformado com dinheiro público, o Complexo da Madeira Mamoré será palco de uma festa “rave” promovida por uma distribuidora de bebidas no estacionamento da lendária litorina, em uma área histórica tombada e que deveria ser protegida pelo Governo Federal.
Porém, documentos obtidos pela reportagem do Rondonotícias mostram que o evento, denominado “Gold Sunset” acontecerá com a total anuência da superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, no estado de Rondônia.
No requerimento acatado pelo IPHAN, foi autorizado a utilização de 2.635,68m² para receber uma previsão de 1.200 pessoas dentro do acervo histórico, em um evento regado a bebida alcoólica e música eletrônica, isso poucas semanas após a empresa que administra o espaço anunciar a cobrança de ingressos para o Museu da Madeira Mamoré.
Os valores dos ingressos para essa festa já apontam que esse não será um evento para um trabalhador assalariado que deseja passar bons momentos em um espaço público e histórico da sua cidade, já que o preço para entrar na “rave” vai de R$ 100 até R$ 240.
Em sua autorização para a cedência do acervo histórico para uma festa “rave”, o IPHAN faz uma “meia culpa” determinando que o “os equipamentos provisórios a serem empregados no local não poderão ser fixados de maneira que possam danificar os bens tombados”.
A realização dessa festa indignou representantes de entidades que defendem o acervo histórico da Madeira Mamoré, que afirmaram à reportagem que irão acionar a Advocacia Geral da União – AGU, para que a Lei seja cumprida e a festa não aconteça dentro desse espaço histórico.
“O IPHAN de Rondônia cometeu ato ilegal dentro da EFMM liberando autorização para o evento do dia 28 (sábado), isso é uma vergonha, falta de conhecimento administrativo. Já estou preparando um expediente para gestão e inovação dos serviços públicos em Brasília e Advocacia Geral da União sobre essa conduta de Lesa Pátria cometida aqui em Rondônia”, afirmou George Teles, representante da associação dos ex-ferroviários da EFMM.
Atualmente, a responsável pelas decisões do IPHAN em Rondônia é a arqueóloga Alyne Mayra Rufino dos Santos.