RONDÔNIA: Nos primeiros dias de outubro, Rondônia viu um aumento preocupante no número de queimadas, com 635 focos registrados apenas até o dia 9, superando o total acumulado nos seis primeiros meses do ano. 

Dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostram que o estado já contabiliza 9.979 focos de incêndio em 2024, um crescimento de mais de 34% em relação ao ano anterior.

Mesmo com chuvas esparsas na região, o cenário das queimadas se agrava, impactando a saúde da população, a fauna e o setor agropecuário. Pessoas com doenças respiratórias, como a jovem Isabelly Oliveira, de 23 anos, diagnosticada com asma, relatam dificuldades para realizar atividades simples do cotidiano devido à fumaça densa. “Tive que aumentar o uso de bombinhas e inalação diária por causa da ardência nos olhos e cansaço constante”, conta Isabelly.

Idosos, como Maria do Perpétuo Socorro, de 66 anos, também sofrem com os efeitos da poluição. Com bronquite asmática, ela precisou retornar ao uso de máscaras para se proteger e, em alguns momentos, foi internada devido ao agravamento dos sintomas.

A fumaça das queimadas é composta por gases tóxicos e partículas de fuligem, que afetam não só a saúde humana, mas também a fauna local. Entre junho e outubro, mais de 420 animais foram encontrados mortos em meio a incêndios florestais. O biólogo Flávio Terassini alerta para a perda de biodiversidade, destacando que a frequência e intensidade das queimadas podem levar à extinção de algumas espécies.

O impacto econômico também é severo. O setor agropecuário enfrenta perdas significativas, com reduções na produção de grãos e carne. Produtos como o leite, carne bovina e o açúcar já registram aumentos nos preços devido à destruição de lavouras e pastagens.

Diante da gravidade da situação, autoridades estaduais e federais intensificaram as ações de combate aos incêndios. A Operação Temporã, coordenada pelo Ministério Público de Rondônia, visa prevenir e reprimir crimes ambientais, especialmente em áreas de proteção. Além disso, o governo estadual decretou a suspensão do uso do fogo por 90 dias e reforçou o combate com a contratação de brigadistas e o uso de aeronaves especializadas no controle de incêndios florestais.

As ações ainda estão em curso, mas especialistas alertam que o cenário pode se repetir nos próximos anos, caso medidas preventivas mais eficazes não sejam implementadas, especialmente diante das mudanças climáticas e do aumento da estiagem na região.