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    porto velho, sexta-feira 18 de abril de 2025

Jovem zombada por estudantes de medicina "tinha sede de vida", diz mãe

Em postagem no TikTok, estudantes comentaram caso de Vitória Chaves da Silva, de 26 anos, que acabou morrendo após 4 transplantes de órgãos...


metrópoles

Publicada em: 09/04/2025 17:42:35 - Atualizado

Foto: Reprodução

BRASIL - Após ser submetida a três transplantes de coração e um de rim, a jovem Vitória Chaves da Silva, de 26 anos, morreu devido a um choque séptico e insuficiência renal crônica em 28 de fevereiro, no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Nove dias antes, duas estudantes de medicina expuseram o caso dela em um vídeo publicado no TikTok, retirado do ar nessa terça-feira (8/4).

O Metrópoles havia publicado, em 2023, o ineditismo de Vitória ter sido submetida a três transplantes de coração. Até então, os procedimentos do tipo no Brasil eram limitados a dois. Ela foi submetida ao terceiro transplante de coração no ano passado e, antes disso, em 2023, teve um rim transplantado após o órgão ficar comprometido durante o tratamento cardíaco.

No vídeo, apesar de não falarem o nome da paciente, as alunas Gabrielli Farias de Souza (no vídeo, de cabelos loiros) e Thaís Caldeiras Soares Foffano (no vídeo, à dir., de cabelos escuros) mencionam os três transplantes cardíacos, além de indicar quando foram feitos — na infância, adolescência e início da maioridade, o que coincide com o caso de Vitória.

A exposição revoltou a irmã da paciente, Giovana Chaves dos Santos, e a mãe delas, Cláudia Aparecida da Rocha Chaves. Ambas decidiram registrar um boletim de ocorrência e acionaram o Ministério Público de São Paulo (MPSP), além do Incor.

"A gente sempre acompanhou a Vitória. A gente sabia o quanto ela lutava para viver, né? Tanto é que tem um monte de ofício na Promotoria da gente pedindo ajuda com medicação, com passagem para vir no tratamento. Ela nunca faltou numa consulta sequer, né? E minha filha tinha sede de vida. Tudo o que ela queria era viver. Aí vem uma pessoa e diminui a história dela, eu não aceito, quero Justiça", disse Cláudia ao Metrópoles.

A família da paciente quer que as alunas se retratem publicamente, da mesma forma que expuseram e debocharam da paciente. Nem as estudantes nem as defesas foram localizadas pela reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.

Vitória

Quando a dona de casa Cláudia Chaves estava grávida de sete meses, foi fazer o ultrassom da filha e ouviu da médica que a atendeu, sem rodeios, o que ela interpretou como a sentença de morte da criança. O ainda feto foi diagnosticado com anomalia de Ebstein, que é um defeito cardíaco raro e incurável, caracterizado pela má formação das válvulas do coração.

"A médica falou que, depois do nascimento, ela não passaria de 15 dias viva. Mas Deus é maior, passaram-se os 15 dias, ela ficou em uma incubadora e sobreviveu", afirmou Cláudia, atualmente com 40 anos.

De forma simbólica, a dona de casa decidiu batizar a filha com o nome de Vitória. Ela nasceu em 31 de agosto de 1998 em Luziânia (GO), cidade do Entorno de Brasília.

Contrariando os prognósticos médicos, e fazendo jus ao nome, Vitória Chaves da Silva cresceu e, aos 2 anos, precisou fazer uma cirurgia de reparação de uma válvula cardíaca. O procedimento foi realizado em Goiânia (GO), mas não surtiu efeito. Por isso, ela precisou ir para São Paulo em 2004, quando tinha 6 anos.

No Incor, na capital paulista, a equipe médica constatou que a menina precisaria de um transplante. Ela ficou quatro meses na fila e, em 5 de março de 2005, foi submetida à primeira substituição do coração.

Mais dois transplantes

Após o primeiro transplante, Vitória voltou com a mãe para Luziânia, onde levou uma vida normal por 11 anos. Nesse período, a jovem fazia uma maratona de retornos mensais entre um hospital de Goiânia e o Incor de São Paulo, uma rotina de manutenção comum a pacientes que se submeteram a transplantes.

No entanto, após 11 anos, a jovem começou a passar mal, a sentir muito cansaço e a ter desmaios. Em 2026, foi internada novamente, também com problema em um dos rins. Foi submetida a uma nova hemodiálise, e na época os médicos afirmaram que ela precisaria de um segundo transplante de coração.


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