PORTO VELHO-RO: A recente participação do ex-senador Amir Lando no programa Papo de Redação, da Rádio Parecis, causou forte impacto nos bastidores políticos de Rondônia. Aos 80 anos, Amir demonstrou que segue sendo uma referência quando o assunto é experiência, conhecimento e paixão pela vida pública.

Figura marcante da história de Rondônia, onde chegou há mais de 50 anos como advogado do Incra, Amir representa uma geração de políticos que hoje parece em extinção: preparada, apaixonada pelo debate e comprometida com causas públicas. Em sua participação no programa, ele conquistou a atenção não apenas dos jornalistas Everton Leoni, Beni Andrade, Sérgio Pires, Erik Araújo e Emanuel Nery, mas também de todo o meio político e dos ouvintes, ao combinar memória histórica, crítica contundente e propostas concretas.

Sua fala foi carregada de simbolismo e indignação, especialmente quando tratou da sistemática negligência com os aposentados brasileiros. Com palavras firmes, classificou como "hediondo" e "desumano" o roubo de recursos destinados a idosos, crianças e pessoas doentes. Ele conhece esse terreno com profundidade: como ex-ministro da Previdência, enfrentou um dos maiores escândalos de desvio de recursos públicos da época, protagonizado por Jorgina de Freitas. Amir contou que, ao perceber a dimensão do sistema corrompido, optou por deixar o cargo — mas não sem antes lutar para recuperar parte do que foi roubado.

Hoje, com a serenidade de quem já viveu os bastidores do poder, mas com a vitalidade de quem ainda sonha com um país mais justo, Amir Lando anuncia que deseja disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. Entre suas bandeiras estão a valorização da produção agrícola, a defesa dos garimpeiros, a soberania sobre as riquezas nacionais e a regularização fundiária — temas sensíveis e urgentes para Rondônia e para o Brasil.

Ele critica o modelo atual de representação política, que, segundo ele, tem se limitado à distribuição de emendas. “Não quero ser um parlamentar de emendas, quero ser um defensor de ideias, de princípios e de transformações reais”, afirmou.

O impacto de sua fala também se dá pelo contraste com o momento atual. Amir pertence a uma geração que dava ao Parlamento um prestígio que hoje parece esvaziado. Evocando nomes como Ulysses Guimarães, Mário Covas e Paulo Brossard, ele resgata um tempo em que os discursos no Senado eram ouvidos com respeito por todo o país.

Enquanto isso, questões locais permanecem sem respostas. O tráfego na BR-364, entre Porto Velho e Ariquemes, por exemplo, opera precariamente em sistema de "pare e siga", dobrando o tempo da viagem. E a superintendência regional do DNIT sequer se pronuncia à população — um silêncio que contrasta com a disposição de Amir em discutir publicamente os problemas e propor soluções.

O retorno de Amir Lando ao debate público não é apenas uma lembrança do passado. É também um convite à reflexão: o que esperamos de nossos representantes? E por que figuras com história, coragem e conteúdo fazem tanta falta?