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porto velho, sábado 20 de setembro de 2025
Há um mês, motoristas da cidade de Araraquara, no interior de São Paulo, lançaram, junto à Cooperativa de Transporte do município (Coomappa) e com o apoio da prefeitura, o seu próprio aplicativo de transporte. Para isso, eles escolheram a franquia Bibi Mob, que oferece um serviço semelhante às plataformas já conhecidas pelo público, como a Uber e a 99.
"A ideia de um aplicativo de transporte próprio surgiu exatamente para fugir das grandes taxas hoje cobradas pelas principais plataformas. Por anos, a gente vem sofrendo defasagem em cima de defasagem, falta de reajuste no repasse da tarifa e alta de combustível, que acarretam em um aumento no custo de se manter um veículo", diz a presidente da Coomappa, Kátia Cristina Anello.
Daí veio a proposta de adotar um aplicativo sem fins lucrativos, em que o lucro pudesse ser quase que totalmente voltado aos motoristas. Por isso, o app promete mais vantagens para esses trabalhadores: cerca de 95% do valor arrecadado com a corrida vai para o motorista, enquanto os 5% restantes são usados para a manutenção da plataforma.
"É importante destacar que o Bibi Mob não é da prefeitura. Ele é da Coomappa, dos sócios cooperados da Coomappa. A prefeitura não investiu recursos para criar o aplicativo e também não fica com nenhuma porcentagem das corridas. O que a prefeitura faz é dar apoio à cooperativa e a outras cooperativas que a gente tem na cidade também", comenta a coordenadora de Trabalho e Economia Criativa e Solidária de Araraquara, Camila Capacle.
Camila contou ao iG que a prefeitura ajudou na divulgação do app e no provimento de internet para a sua operação. A gestão de Edinho Silva (PT) também prepara uma sede em que os trabalhadores poderão descansar, usar o banheiro etc.
O Bibi Mob já pode ser baixado gratuitamente em aparelhos Android e iOS. Até o momento, o serviço já conta com mais de 8 mil passageiros cadastrados e centenas de motoristas que aderiram à plataforma.
Araraquara não é a única cidade em que a categoria se uniu para lançar uma alternativa aos serviços de transporte atuais. Em Belo Horizonte (MG), três amigos criaram a plataforma 7Move em junho de 2021.
Rodrigo Vieira, Lindomar Castilho (Mazinho) e Ricardo Junior se conheceram em janeiro daquele ano, durante uma manifestação após o assassinato de um motorista no município de Vespasiano, a 29 km de BH. Eles também trabalhavam como motoristas de aplicativo à época.
"Nós tivemos a ideia de criar uma ferramenta com a qual pudéssemos trazer mais segurança para o motorista. Somos todos motoristas, então, criamos a plataforma dentro daquilo que a gente sabe que o trabalhador precisa em termos de segurança e rentabilidade", afirma Rodrigo.
Insatisfeitos com as taxas cobradas pelos outros apps, os criadores da 7Move decidiram fazer diferente. Valores recebidos em dinheiro, Pix ou maquininha ficam 100% para o motorista. Apenas em pagamentos via voucher — quando o passageiro cadastra o cartão de crédito na plataforma — são descontados 8%. Além disso, os profissionais devem pagar um custo fixo de R$ 30 por semana (ou R$ 120 por mês).
"Para os consumidores, a vantagem é que, como o motorista recebe mais, ele vai atender com mais qualidade, vai conseguir fazer manutenção no veículo e, portanto, transportar o passageiro com mais segurança… E uma vez que o valor da corrida compensa para o motorista, ele acaba não cancelando, como acontece nas demais plataformas", completa Rodrigo Vieira.
E deu certo. Hoje, a 7Move já conta com 3,8 mil motoristas cadastrados e 23 mil usuários ativos. Ela atua em Belo Horizonte e em toda a região metropolitana. Agora, Rodrigo, Mazinho e Ricardo estudam expandir o serviço para São Paulo (SP) e Vitória (ES).
O app também pode ser baixado em Android ou iOS gratuitamente.
Já em Campo Grande (MS), o Mou Driver também surge com o objetivo de tarifas zero. Criado há um ano e meio, o aplicativo cobra dos motoristas apenas um valor fixo, em torno de R$ 50 mensais.
"Escutávamos muitas reclamações de motoristas sobre as tarifas cobradas pelas grandes plataformas. Além das viagens serem baratas, temos que repassar uma porcentagem alta para elas. Passamos a ver isso como uma exploração [sic]. Por isso, eu e mais 8 motoristas nos unimos para desenvolver um app em que o motorista ficasse com 100% do valor das corridas; ele só paga um valor fixo mensal", declara Luciano Alves, um dos criadores do Mou Driver.