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porto velho, sábado 20 de setembro de 2025
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou nesta quarta-feira (9) a venda da rede de telefonia móvel da Oi para a aliança formada pelas operadoras Claro, TIM e Telefônica (dona da marca Vivo).
A autorização, contudo, foi condicionada à adoção de "remédios", isto é, medidas que buscam reduzir a possibilidade de concentração de mercado e, assim, garantir a competição. As medidas foram estabelecidas por meio de um Acordo em Controle de Concentrações (ACC), que prevê, entre outros pontos:
Durante a sessão, o relator do processo, Luis Braido, votou contra a venda. Ele foi acompanhado pelos conselheiros Paula Farani e Sérgio Ravagnani.
Já a conselheira Lenisa Prado abriu divergência e votou a favor da operação. Ela foi acompanhada por Luiz Hoffmann e pelo presidente do Cade, Alexandre Barreto.
Como o placar terminou empatado em 3 votos a 3, prevaleceu o chamado "voto qualidade" do presidente do conselho, isto é, o voto de desempate.
A Superintendência-Geral do Cade já havia recomendado a aprovação da transação com esses chamados "remédios". Ao analisar o caso, tribunal do Cade, contudo, entendeu que as medidas propostas eram insuficientes e, com isso, definiu mais "remédios".
A Oi vendeu a operação de telefonia móvel, chamada de Oi Móvel, dentro do processo de recuperação judicial da companhia, com o objetivo de pagar dívidas (veja os detalhes do plano no vídeo acima):
A recuperação judicial foi pedida pela Oi em 2016, e, à época, as dívidas da operadora somavam R$ 65 bilhões. Foi o maior processo de recuperação judicial de uma empresa no Brasil à época.
A venda da Oi Móvel foi feita em leilão em dezembro de 2020, e a aliança formada por Claro, TIM e Telefônica arrematou os ativos por R$ 16,5 bilhões.
A transação, contudo, precisava ser aprovada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e pelo Cade.
Em janeiro, a Anatel deu anuência à venda, com condicionantes.
A Copel Telecom, porém, entrou com um pedido de anulação das sessões, argumentando que houve "vícios de competência" na condução do processo. O pedido está em análise pela Anatel e, até lá, continua válida a decisão que aprovou a venda de forma unânime.
O relator do processo, Luis Braido, votou contra a venda. Argumentou que a operação só poderia ser aprovada caso houvesse venda relevante de outorga de espectro de radiofrequência (faixas no ar por onde passam os dados das redes móveis), o que não foi proposto pelas compradoras nem pela Superintendência-Geral do Cade.
Para o relator, somente com a venda de espectro da Oi é que haveria a possibilidade de atuação de uma quarta operadora no mercado de telefonia móvel. Já a operação, como está, disse Braido, aumentará a concentração de mercado, com as três compradoras detendo de 95% a 98% do mercado em diferentes métricas.
"É uma operação que traz níveis de concentração muito significativos, que não temos aceitados em outras operações aqui neste tribunal", afirmou. Ele disse, ainda, que as três operadoras não terão incentivo para competir por preço, o que trará prejuízos ao consumidor.
A conselheira Lenisa Prado, contudo, abriu divergência, ao propor a aprovação da operação, com condicionantes. Ela afirmou que a operação eleva a concentração de mercado, mas disse que os ativos da Oi Móvel, incluindo espectro, foram distribuídos em maior parte à TIM, o que pode aumentar a competição no mercado.