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CRÔNICA DE FIM DE SEMANA: QUE TIRO FOI ESSE? Por Arimar Souza de Sá


Rondonoticias

Publicada em: 18/03/2018 10:05:08 - Atualizado

Está em fase final de desmonte a musicalidade brasileira. Músicas de duplo sentido, pornografia da grossa e sensualidade excessiva em horário nobre, são pratos de resistência no dia a dia das tevês e emissoras de rádio do país.

O momento é de dor, crítico, musicalmente nojento para ser mais explícito. A inovação e a qualidade das músicas modernas perderam o rumo e o prumo.

De olho no mero comércio, produtores musicais inverteram seus papéis e deram uma volta por baixo a mercê da vulgaridade e da violência estampadas nas letras que a juventude consome como sucesso.

Não sou compositor, cantor, nem muito menos tenho formação na área musical. Mas para sentir nojo, basta apenas ter sensibilidade e o que ouço e vejo é particularmente medíocre e repugnante...

A Rede Globo, no comando do poder nacional, assoalha a sua estratégia na ditadura midiática musical e grande parte da população engole sem nenhum pio. É como se estivesse chupando limão, fazendo cara feia, mas descendo goela abaixo.
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As imagens dos rebolados do funk, da pobreza cultural dos “sertanejos universitários”, alienam os jovens perversamente, desvalorizam a mulher, prestigiam a violência, modificam costumes e fazem calar a sociedade que não exprime seu olhar crítico diante do descalabro que ouve e vê.

“Que tiro foi esse que tá um arraso”?

Nas letras não há sequer um dedinho de referência ao social, da dor que vive o país com a corrupção que grassa e do desemprego que rege a bagunça e completa a desgraça.

Precisamos, com a urgência necessária, retocar nossos conceitos musicais e resgatar os tempos áureos da boa música. Convocar a massa pensante e fazermos uma revolução cultural a começar por expurgar esses estilos que nos causam náuseas sucessivas e nos embrulham o estômago.

Enquanto isso não vem, a meta diária é alcançada febrilmente. Se na Igreja Cristo é o símbolo para os cristãos, o ibope é a insígnia da selvageria anticristo que Globo se utiliza para arrecadar mais fundos lançando porcaria.

No laço da não governança de um país em crise, a emissora do “Plim – Plim” domina e cala praticamente o pensamento crítico nacional, deixando às outras emissoras apenas as baboseiras que animam a inculta gente.

Com o IBOPE em alta, ela impõe as regras e, no momento, o bombástico: “Que país que eu quero”? Invertendo esta voz de comando seria de se perguntar: Que televisão que merecemos?

De repente, somos vítimas de um processo subliminar imposto pela mega emissora carioca, desde o besteirol do Faustão às ridículas músicas de Pablo Vittar. Senão vejamos: "Sou feliz agora, sou linda e poderosa. Pensou que eu fosse chorar, correr atrás pra sempre...” Ou então: Seu amor me deixou. Nocauteou, me tonteou... “estropiou”...

É claro, que além de machucar a linguagem lusitana, utiliza-se do verbo na primeira pessoa confundindo o corpo como uma joia preciosa e com isso, deixam-se no limbo, as músicas de Caetano, Gil, Chico Buarque, Guilherme Arantes, Marisa Monte, Alceu Valença, Zé Ramalho, Fagner, entre outros monstros, como se estivéssemos vivendo num mundo em que a arte de escrever bem eclipsou-se, deixando em seu lugar o barulho, quem sabe os grunhidos que vem do “cantor ” Pablo Vittar” que, sem voz, surra com requinte de crueldade os nossos tímpanos.

Mas o que importa é o IBOPE. Veja as músicas de Ludmila, da Anitta, da Juju Todynho, um amontoado de palavras que desidratam o inconsciente coletivo sem qualquer revide das vítimas.

É assim. A ânsia selvagem por sobre o nosso arquétipo de cultura musical, vindo desde Chiquinha Gonzaga, passando por Pixinguinha, Cartola, Vinicius, Baden Powell, Toquinho, João Bosco, Fagner, Alceu Valença, Zé Ramalho e outros...

Não é por menos que “De Gaule”, disse em viagem pelo Brasil: “Este não é um país sério”. Um país que se deleita em músicas tão ruins impostas garganta abaixo pela poderosa rede Globo, merece inclusive a criminalidade no Rio de Janeiro, como se já estivesse num Estado de guerra civil.

Mas falávamos do desleixo musical dessa onda de música rebolada, da selvageria dessas letras pobres que estimulam a libido e a violência. Ai se indagaria: “ Que pais é este? ”

Não! Não somos corjas! É Hora de protestar! Temos muitos ganhos neste mundo globalizado. Produzimos soja, carne, leite, carros, bicicletas, geladeiras, fogões, exportamos quase tudo produzido por aqui. A agricultura familiar dá seu recado. Temos um PIB razoável. Porque, então, nos submetermos à vontade de uma emissora como se fossemos vacas magras nos campos, tangidas por um berrante?

Enfim. Deus se apiede de nós. Socorro!
“Que tiro foi esse que tá um arraso”.
AMÉM!


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