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porto velho, terça-feira 26 de novembro de 2024
RONDÔNIA - As variáveis macroeconômicas de um estado, região ou país levam em conta múltiplos fatores que contribuem para a formação do Produto Interno Bruto (PIB) ou para mensurar os índices de desenvolvimento e outros indicadores.
A Federação das Indústrias de Rondônia acompanha e analisa, desde sempre, os índices de desenvolvimento regional, contribuindo com estudos, propostas e ideias para compatibilizar progresso com sustentabilidade, assegurando qualidade de vida para os habitantes.
Nessa vertente, um assunto que deve ocupar generosos espaços no debate eleitoral é a questão da guarnição de nossas fronteiras, um problema que transcende a criminalidade regional e contribui para a robustez do crime organizado nas grandes cidades brasileiras, empurrando o Brasil, aos poucos, para uma guerra civil, ainda não declarada.
Não estamos falando apenas de criminalidade, mas de ações que colocam em xeque a própria soberania da Nação.
É tema da maior relevância e gravidade não somente para quem convive na faixa de fronteira, mas para toda a sociedade em função do alcance de seus efeitos deletérios.
O desafio diário das gangues de traficantes às forças de segurança no Rio de Janeiro e em outras capitais denota que o Estado está perdendo a luta contra o crime organizado.
Aterradora constatação!
Sem sufocar a livre entrada de armas de guerra, cocaína, maconha, anfetaminas e outros contrabandos de mercadorias ilegais pela extensa fronteira brasileira – especialmente as da região Norte, por divisarem com países produtores de drogas -, não haverá êxito nesta batalha contra esse poderoso inimigo que aniquila a segurança pública, prejudica a economia e atravanca o progresso.
Não o progresso a qualquer custo, mas o verdadeiro desenvolvimento sustentável, com respeito às leis e com a devida repartição dos frutos deste progresso para com toda a sociedade, dentro do estamento legal.
A ausência de guarnição de nossas fronteiras é problema antigo e não se vislumbra uma solução de curto prazo, dado as dificuldades de se arregimentar recursos financeiros e humanos para a tarefa.
Em verdade, quando se faz um olhar histórico sobre esse tema, parece que proteger suas fronteiras nunca foi o forte do Brasil.
Rondônia tem uma extensa faixa de fronteira com a Bolívia, com cerca de 1.300 quilômetros e precisa de apoio do Governo Federal para protegê-la. Aliás, guarnecer e proteger as fronteiras são atribuições exclusiva dos órgãos federais, há muito negligenciada.
São apenas 27 postos de fiscalização da Receita Federal para quase 17 mil quilômetros de fronteira que separam 11 estados brasileiros de 10 países.
Os efeitos mais visíveis dessa leniência com a proteção da nossa faixa de fronteira refletem diretamente no desenvolvimento do estado, afetando sobremaneira a juventude, a nossa principal força de trabalho.
Nas superlotadas prisões de Rondônia, mais de 80 por cento dos ocupantes são jovens na faixa etária dos 18 aos 29 anos.
Uma tragédia para um estado com tanta carência de mão de obra.
Por enquanto, ainda não se tem estudos mensurando o impacto da criminalidade na fronteira na economia local ou regional, mas capta-se vários sinais de sua danosa ramificação, permeando diversas atividades lícitas. Pelo menos, é isso que vem se revelando a cada grande operação realizada pelas forças de segurança.
O preço de tamanha fronteira aberta e desguarnecida entre Brasil e países como Bolívia, Peru e Colômbia é, muitas vezes, pago com a própria vida.
Penso que, como habitantes da Amazônia, temos a obrigação de aquecer esse debate, cobrando compromisso dos candidatos a governador com essa questão e cobrando dos candidatos a presidente da República comprometimento com a vigilância de nossas fronteiras.
Se assim não agirmos, poderemos contribuir, mesmo que indiretamente, para que um pedaço da Amazônia seja conspurcado pela violência dos cartéis da droga e toda sorte de crimes que essa atividade acoberta.
Que reflitamos, pois, sobre tudo isso!
*É presidente da Federação das Indústrias de Rondônia