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    porto velho, sábado 20 de setembro de 2025

Como fica o comércio com o Brasil após sanções econômicas impostas à Rússia

Em 2021, a Rússia importou quase US$ 350 milhões de soja brasileira, mais de US$ 320 milhões em carnes e US$ 130 milhões de café em grão.


G1

Publicada em: 28/02/2022 16:24:20 - Atualizado


BRASIL - Com o endurecimento do conflito no Leste Europeu, o fim de semana ficou marcado por novas sanções econômicas impostas à Rússia. Há implicações diretas e indiretas para a economia brasileira.

O pacote anunciado neste neste sábado inclui a retirada dos principais bancos da Rússia do sistema Swift, serviço global de telecomunicações entre instituições financeiras no mundo. Como mostrou reportagem do g1, é um episódio inédito e que pode desestabilizar o comércio internacional.

Na prática, a medida impede a transferência de dinheiro e paralisa o comércio entre produtores russos e seus compradores. Impossibilitados de transacionar no Swift, um lado não pode faturar e o outro não pode pagar pelas mercadorias.

Com isso, para economistas ouvidos pelo g1 nesta segunda-feira (28), o Brasil enfrentará o choque das sanções especialmente em duas frentes: o impedimento de livre comércio com a Rússia e os impactos das medidas nos preços de commodities.


Produção agrícola

Das 100 categorias mais importadas pelo Brasil no mercado global, 8 vêm da Rússia. A maior parte é de produtos químicos e fertilizantes usados na produção agrícola brasileira – um dos motores do PIB do país, mesmo em tempos de crescimento lento.

Mesmo que não haja um desabastecimento, o agronegócio brasileiro pode ter que repassar preços relevantes da safra, prolongando a inflação mais alta de alimentos que atinge o país desde o início da pandemia do coronavírus.

O Brasil ainda perde um mercado relevante destes mesmos produtos agrícolas. Em 2021, a Rússia importou quase US$ 350 milhões de soja brasileira, mais de US$ 320 milhões em carnes e US$ 130 milhões de café em grão.

Ainda assim, a Rússia é apenas o 35º maior comprador de produtos brasileiros.

"O processo de 'apreensão pelo conflito' já agitou o mercado de fertilizantes há meses. Agora, é importante o Brasil buscar novos fornecedores e ter uma estratégia de médio prazo para um menor repasse de preços", diz Gesner Oliveira, sócio da consultoria GO Associados.

Petróleo, trigo e outras commodities

Em impacto indireto para o Brasil, a Rússia também terá choques na exportação de petróleo, gás natural, trigo e outras commodities. A redução repentina de oferta desses produtos eleva o preço de todos eles no mercado internacional, com efeitos indiretos no Brasil.

A referência mais clara para os brasileiros nos tempos atuais é o petróleo, que reajusta o preço da gasolina, do diesel, dos derivados como borracha e plástico, além de encarecer o valor de toda e qualquer mercadoria que demande transporte.

Mas os efeitos em cadeia se espalham por muitos outros produtos. O gás natural produzido na Rússia é fonte de energia para todos os produtos industrializados na Europa, que eventualmente ficarão mais caros aqui.

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Mesmo que o Brasil não importe boa parte do trigo diretamente da Rússia, o preço mais alto no mercado internacional pela restrição de oferta encarece a importação e impacta no preço de derivados, como o pãozinho, biscoitos e massas.

"Os problemas no mercado de commodities vão continuar por um tempo porque há consequências políticas da guerra e a Rússia





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