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porto velho, segunda-feira 22 de setembro de 2025
BRASIL: Uma menina ianomâmi, de 12 anos, morreu após ser estuprada por garimpeiros numa comunidade na região de Waikás, uma das mais atingidas pela invasão de mineradores ilegais na Terra Indígena Yanomami. A informação foi divulgada na noite de segunda-feira (25) pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, que também é uma das lideranças desse povo.
Em um vídeo divulgado nas redes sociais (assista acima), Hekurari afirma que, além da morte da menina, uma outra criança ianomâmi desapareceu após cair no rio Uraricoera. O crime aconteceu na comunidade Aracaçá, segundo os relatos.
Ele planeja ir até a região nesta terça-feira (26) para buscar o corpo da vítima e encaminhá-lo para autópsia no Instituto Médico Legal (IML), em Boa Vista.
"A adolescente estava sozinha na comunidade e os garimpeiros chegaram, atacaram e levaram ela para as barracas deles. A tia dela defendeu [a sobrinha]. Quando estava defendendo, os garimpeiros empurram ela em direção ao rio junto com a criança. Essa criança se soltou no meio do rio, acho que estava em um barco. Eles invadiram e levaram [a menina] para o barraco dos garimpeiros e a violentaram brutalmente, estupraram essa adolescente. Moradores de lá me disseram que ela morreu. Então, é muito triste, muito triste mesmo".
Hekurari disse ainda que há a suspeita que os garimpeiros estivessem armados. A comunidade Aracaçá está localizada no meio de acampamentos montados por garimpeiros na região. A violência sexual contra meninas e mulheres ianomâmi cometida por garimpeiros já havia sido denunciada semana passada pela Hutukara Associação Yanomami.
Segundo Hekurari, a Polícia Federal (PF) e o Exército foram informados do crime ainda na noite de segunda (25). A reportagem procurou as duas instituições e aguarda resposta.
Além disso, na manhã desta terça-feira, Hekurari, por meio do Condisi-YY, enviou um ofício relatando a situação para o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), ambos de responsabilidade do Ministério da Saúde, além de PF, Ministério Público Federal (MPF). No documento, a associação pede apuração do caso.
Em nota, o MPF informou que "busca junto às instituições competentes a apuração do caso e acredita que situações como essa são consequência cada vez mais frequente do garimpo ilegal em terras indígenas em Roraima". (Leia nota na íntegra abaixo)