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porto velho, segunda-feira 22 de setembro de 2025
PORTO VELHO-Postagens tristes, mudança de humor e de comportamento, alcoolismo, alteração do sono, estes são sinais que podem identificar a depressão. O problema pode acontecer após traumas físicos e psicológicos, mas casos mais graves, a doença pode levar o paciente ao suicídio.
Em quatro meses, Rondônia registrou 92 ocorrências de suicídio. Na capital teve 21 casos, conforme as informações do Observatório Estadual de Segurança Pública da Secretaria de Segurança, Defesa e Cidadania (Sesdec).
Ao ajudar uma pessoa em ideação suicida, a professora Wilma Suely Batista Pereira do Observatório de Violência Suicídio e Políticas Públicas da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), disse durante entrevista concedida no programa A Voz do Povo da Rádio Caiari Fm 103.1, que o acolhimento é a palavra chave para lidar com essa situação.
Pois segundo ela, quando alguém pensa em suicídio é sinal de que essa pessoa está sofrendo profundamente, seja com depressão ou com angústias e conflitos internos. Os mitos sobre suicídio são perigosos porque, muitas vezes, impedem que uma pessoa entenda que precisa de ajuda e que possa receber a ajuda necessária.
“Sempre se deve acolher essa pessoa e nunca achar que ela está de brincadeira ou que aquilo é frescura ou que seja uma fase que vai passar. Porque se a pessoa não encontrar ajuda ou acolhimento e se ela não entrar em uma relação segura com ela própria, é capaz que ela venha morrer por suicídio” alertou.
Desmistificar os mitos sobre o ato pode, portanto, ajudar a sociedade a perceber a importância de ser solidário com quem está em risco frisou Wilma manifestando o valor de procurar ajuda de um psicólogo, além de mostrar às pessoas a relevância de enfrentar seus desafios e sofrimento.
“Os sinais são óbvios, quando se começa a falar que não quer mais viver e que precisa dormir e nunca mais acordar ou postagem com temas tristes, de morte e de desistência na vida. Todos esses fatores nos lincam com a vida e que quando começam a aparecer nas postagens de maneira negativa é de alguém que não tem mais esperanças com a vida”,disse.
No tocante ao preconceito da sociedade tem em relação a pessoa que morre vítima de suicídio, a professora menciona que a há uma necessidade urgente mudar esse conceito. “Estudos apontam que ninguém é um suicida em potencial, mas a pessoa pode desenvolver comportamentos suicidas e isso não faz dela um sujeito suicida. E comportamento pode ser mudado”, enfatizou.
Quanto aos sinais de comportamento suicida ela revela que a pessoa começa a desatar os nós da relação em torno de si. A pessoa faz coisas perigosas começa a parar de tomar medicamentos de uso continuo tem variações de humor e dificuldades para dormir e quadro de ansiedades generalizadas
“Nem toda pessoa que tem depressão tem o comportamento suicida mas é provável que ela pode estar sofrendo com um quadro transtorno mental que não foi diagnosticado ou que até que teve o diagnóstico, mas não continuou o tratamento. Temos uma rede de atenção básica que vira as costas para o sofrimento psíquico e políticas de saúde que não são executadas para colocar profissionais de saúde mental nas unidades básicas”, alertou.
O estado de desesperança esclareceu a professora é o estado de vazio. Esse vazio é representativo, porque se instala de uma tal forma que a pessoa não vê sentido para viver. Ela não vê mais laços e não enxerga mais esse elo com as pessoas que ela ama
“Às vezes a gente se choca em saber que a pessoa era bacana ou que tinha uma boa família, mas o estado de desesperança apaga esse laço. Ela ama mas naquele momento não enxerga isso”, avaliou. Wilma
Depressão no Brasil
A incidência do diagnóstico de depressão cresceu 40% no Brasil entre o período pré-pandemia e o primeiro trimestre de 2022, segundo o levantamento Covitel, realizado pela Vital Strategies, organização global de saúde pública, e pela UFPel (Universidade Federal de Pelotas).
A pesquisa ouviu 9.004 pessoas de todas as regiões do país com idade entre 18 anos e 65 ou mais — cerca de 58% dos entrevistados eram mulheres. Segundo a publicação, o percentual de brasileiros que relatavam ter a doença saltou de 9,6% em 2019 para 13,5% no começo deste ano.
O levantamento também indicou maior prevalência dos casos de depressão em mulheres, grupo que registrou um aumento de 39,3% no número de diagnósticos. Além disso, a recorrência da doença foi maior na região Sul do país
O levantamento destacou que no período pré-pandemia a depressão era mais frequente no grupo com idade igual ou maior que 65 anos, cenário que sofreu mudança significativa no primeiro semestre deste ano, quando foi observada prevalência semelhante no número de diagnósticos em quase todas as faixas etárias.