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porto velho, segunda-feira 22 de setembro de 2025
PORTO VELHO, RO- A delegada de Polícia Civil, Rosilei de Lima, diretora da Academia de Polícia, concedeu entrevista ao apresentador, jornalista e advogado Arimar Souza de Sá, no Programa a Voz do Povo, transmitido pela Rádio Caiari 103,1, e com live ao vivo, pelo facebook, por meio do site RONDONOTICIAS.COM.BR.
Na pauta, a comemoração de seus 17 anos como autoridade policial, na sua incansável trajetória de combate ao crime, além de outros assuntos relacionados a atuação de facções nas escolas do Estado e a falta de investimentos por parte do Poder Público no aparelho policial.
Rosilei iniciou a entrevista, falando de sua paixão pela carreira de delegada de Polícia. Disse que seu trabalho é executado com muito amor, apesar de todo o desgaste e sofrimento provocados pelo sucateamento dos organismos de segurança pública em todo o país.
"Os Governos, Estadual e Federal, não se ocupam das polícias, e as têm relegado a quinto plano em termos de investimento e efetivo". Hoje, segundo a delegada, se contrata muito menos do que se aposenta e, também, do que se perde de efetivo.
“A polícia no Brasil ainda carece de bastante investimentos. Eu posso falar com precisão, porque tenho 17 anos de carreira e sempre estive à frente de delegacias operacionais, que são aquelas unidades de ponta, que realizam as atividades de maior complexidade como é o caso das Delegacias de Homicídios, Crimes contra o Patrimônio, central de flagrantes, e a gente sempre careceu de efetivo e de recursos de toda ordem. Hoje estamos trabalhando com estruturas antigas e que não comportam receber a população como ela merece, além do efetivo reduzido, e isso reflete diretamente em um empobrecimento das polícias que investigam as nuances do crime”, alertou.
Ao comentar sobre a informação corriqueira de que os crimes de homicídio, só são elucidados em 8%, Rosilei afirma que essa declaração não é verdadeira e que embora se tenha uma polícia sem condições, tanto no aparato humano quanto de serviço, ela ainda dá uma boa a resposta que a sociedade necessita.
“A polícia poderia apresentar resultados piores ante o quadro que ela tem de trabalho, mas nós temos a sorte de ter profissionais comprometidos, porém o organismo das pessoas não aguenta tanto esforço e vai chegar ao momento no qual elas não vão aguentar e vão adoecer”, enfatizou.
Sobre a polícia dos seus sonhos, a delegada avalia que seria com a implantação de um efetivo bem treinado, que contrata pessoal, que tem bom instrumental humano e de serviço nas delegacias, e que é bem paga. Outra melhoria apontada por ela, é a questão da insalubridade, com a mudança de local de trabalho dos abnegados policiais, para um ambiente melhor.
“Não adianta fazer uma proposta de atendimento humanizado, se você não consegue cumprir por não ter um contingente para manter um ambiente aberto 24 horas por dia, porque não há, por exemplo, um efetivo de policial feminino para manter naquela sala. Falta vontade política do executivo estadual com a Polícia Civil?”, indagou.
A delegada ressaltou, no entanto, que o atual governo concedeu alguns benéficos à classe, como aumento salarial, embora em outras ocasiões a categoria tenha tido que travar suas lutas sozinha comprando brigas a exemplo da reestruturação.
“Temos uma gama de projetos contemplados por emenda da bancada federal e de parlamentares estaduais. Então, tivemos que correr com o pires na mão. Há algumas figuras políticas que até se importam com a corporação e desempenharam um bom papel. Mas no Governo Confúcio, por exemplo, a Polícia Civil foi relegada ao 5º plano. Esse foi um dos piores governos, com investimentos praticamente zero em salários e estrutura. Passamos 8 anos no ostracismo. Diferente do Governo Marcos Rocha, do qual conseguimos um ganho maior, a aprovação”, concluiu.
CONCURSO
Ao comentar sobre o concurso da Polícia Civil, que prevê mais de 300 vagas, a delegada Rosilei, que atualmente exerce a função de diretora da Academia de Polícia, revela que busca dobrar esse número de vagas para alguns cargos para todo o estado.
FACÇÕES ATUANDO ABERTAMENTE NAS ESCOLAS
A delegada reitera que nos próximos dias irá trabalhar com palestras nas escolas, após convite recebido de um diretora de um colégio do bairro Nacional, localizado na zona norte da capital, alegando que os alunos estão sendo influenciados diretamente por facções. O crime está dentro das salas de aula, disse a delegada, com o uso de drogas e vendas de entorpecentes.
“É impressionante, o que está acontecendo com os jovens, parece que eles estão traumatizados com esse pós-covid e anestesiados. A facilidade com que o crime recruta essa garotada, é impressionante. Aparenta, que as famílias abandonaram esses adolescentes, não sei ao certo que fenômeno social é esse, mas tenho uma teoria que seja um abandono emocional. Hoje, as famílias dedicam muito tempo ao trabalho e as redes sociais, e esquecem do afeto e do contato próximo, responsabilizando a escola pela a educação de seus filhos”, concluiu.
A delegada, no final do programa, recebeu as homenagens dos ouvintes, que "rasgaram elogios" à sua conduta como profissional de gabarito, destacando suas atitudes e coragem, sempre cercadas pela retidão, no mister que lhe compete desempenhar, em prol da busca por excelência nos trabalhos executados pela Polícia Civil do Estado.