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    porto velho, segunda-feira 22 de setembro de 2025

Renda dos caminhoneiros no Brasil encolheu 11% em seis anos, aponta estudo

Impactados pelas sucessivas altas no preço do diesel, categoria afirma que abastecimento do país está ameaçado


r7

Publicada em: 21/05/2022 11:11:39 - Atualizado

BRASIL-Em seis anos, a renda média dos caminhoneiros no Brasil caiu 11%, passou de R$ 3.600, em 2015, para R$ 3.200, em 2021. O dado é de um estudo organizado pela Childhood Brasil em parceria com a Universidade Federal de Sergipe. A perda de renda é ainda mais grave na comparação com o valor do salário mínimo.

Em 2010, por exemplo, a renda média dos caminhoneiros era de 5,7 salários mínimos. Em 2015, passou a 4,5 e, em 2021, representa 2,9 salários. O que significa que, em 11 anos, o motorista de transporte de cargas profissional perdeu quase três salários mínimos no período. 

O preço do diesel e dos derivados do petróleo é apontado como um dos grandes vilões da categoria. Quem está na rua afirma que não consegue rodar ou manter a frota com o preço atual. Na última segunda-feira (9), a Petrobras fez um novo reajuste no preço do combustível para as distribuidoras, que passará de R$ 4,51 para R$ 4,91 o litro.

Wallace Landim, conhecido como Chorão, e presidente da Abrava (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores), é categórico ao afirmar que o abastecimento no Brasil está ameaçado. Em 12 meses, até abril, o óleo diesel acumula alta de 53,58%, segundo o último balanço do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na quarta-feira (11).

A gente caminha para o colapso. Mais de 45% dos caminhões estão parados por não ter condições de rodar, então a falta de abastecimento é natural e isso reflete no bolso de toda a sociedade. Hoje você vai ao supermercado e o quilo da cenoura passa dos R$ 10, isso também tem a ver com o custo do transporte. Está insustentável”, diz Chorão, que foi um dos líderes da categoria durante as manifestações dos caminhoneiros em 2018.

Outro dado apontado pela pesquisa é que a possibilidade de ter e manter um caminhão próprio é cada vez menor. No estudo anterior, de 2015, 53% dos entrevistados eram donos do automóvel que dirigiam. Porém, o percentual caiu para 22,8% em 2021. Segundo a série histórica, esse é o menor percentual desde 2005, quando a pesquisa começou a ser feita.
Para Chorão, esse dado também está diretamente ligado ao aumento dos combustíveis. “A conta não fecha, além de precisar do diesel para rodar, toda a nossa manutenção está ligada a derivados de petróleo, óleo lubrificante e pneu, por exemplo, esses são os insumos que mais consumem a nossa renda. Em um trecho de mil quilômetros, a gente perde, em média, R$ 300”, comenta.

Esse custo impacta diretamente nos preços de produtos e serviços. Comerciante no Ceasa do Distrito Federal, Francinildo Rocha conta que o nos últimos 15 dias precisou aumentar R$ 0,50 centavos no preço do quilo da banana. "Nas últimas duas semanas, o frete, que já tinha subido muito, aumentou mais R$ 400 para nós. Não temos como segurar o preço porque o caminhão não roda sem diesel. Então toda vez que o governo aumenta o valor do combustível, repassamos o custo", diz.



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