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Amazônia concentra 77% das mortes por conflito no campo em 10 anos segundo mapeamento

Jovem indígena Isaac Tembé, foi morto em 12 de fevereiro de 2021 pela PM em Capitão Poço


uol

Publicada em: 11/06/2022 11:25:54 - Atualizado


BRASIL-Nos últimos dez anos, ao menos 313 pessoas foram assassinadas na região da Amazônia por conflitos no campo, o que representa 77% do total de mortes (403) envolvendo disputas por terra ou água em zonas rurais do país entre 2012 e 2021. Os dados foram obtidos pela coluna na coleção de relatórios da CPT (Comissão Pastoral da Terra), entidade ligada à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que divulga anualmente um balanço de ocorrências de conflitos no campo no país desde 1985.

Segundo o último Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), a Amazônia Legal concentra apenas 24% da população rural do país —ou seja, tem três vezes mais conflitos, proporcionalmente falando. No ano passado, o número foi o maior já registrado desde 2017: foram 29 mortes nos estados que compõem a Amazônia Legal (que são os sete estados do Norte mais Mato Grosso e Maranhão). É na região que estão desaparecidos, desde domingo (5), o indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips. Uma das linhas investigadas pelas autoridades é homicídio, já que Pereira vinha sofrendo ameaças.

"Os conflitos por terra na Amazônia assumem proporções alarmantes, o que evidencia a fragilidade da condição humana sofrida pelos sujeitos sociais que lutam pela permanência em suas terras de trabalho, espaço de reprodução social", diz o relatório divulgado em abril. Segundo a publicação de 2021, a Amazônia registrou 52% das disputas registradas no ano passado, e 62% do número de famílias envolvidas nos conflitos. Ainda de acordo com a CPT, 97% das áreas de conflitos do ano passado localizam-se na Amazônia, com um total de 680 mil km² —equivalente à soma dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. As disputas na Amazônia, diz o relatório, alavancaram o desmatamento.

Quem foram os afetados pelos conflitos em 2021: Indígenas - 26% Quilombolas - 17% Posseiros - 17% Sem-terra - 14% Assentados - 8% Outros - 15% Quem foram os causadores das disputas: Fazendeiros - 21% Empresários - 20% Governos - 17% Grileiros - 13% Madeireiros - 6% Garimpeiros - 5% Outros - 10% Sem informação - 8%.

Em alta, diz coordenadora Segundo Andreia Silvério, coordenadora nacional da CPT, a violência na Amazônia tem crescido não só em mortes, mas também em relação ao número de pessoas ameaçada de morte e casos de invasão a territórios indígenas, unidades de conservação, quilombolas, comunidades tradicionais.


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