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    porto velho, terça-feira 23 de setembro de 2025

Alta nas ações da Eletrobras supera rendimento do FGTS; saiba o que esperar

Desde a desestatização, em 13 de junho, papéis da empresa já subiram pouco mais de 14%


cnn

Publicada em: 04/07/2022 10:43:57 - Atualizado

BRASIL - A Eletrobrás concluiu o seu processo de privatização oficialmente em 13 de junho, quando houve a estreia após ofertas primária e secundária de ações que fizeram o governo deixar de ser o acionista majoritário. Desde então, o papel valorizou pouco mais de 14%, passando de R$ 40,10 para R$ 45,85, na última sexta-feira (1º).

Segundo um levantamento, o valor equivale a mais de um ano do rendimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), de onde algumas pessoas puderam retirar valores para comprar ações da empresa.

Causas para a alta

Responsável pelo levantamento, o sócio fundador da Casa do Investidor Michael Viriato aponta que, pelos valores atuais, o FGTS tem rendido entre 5% e 5,5% ao ano, mas existem alguns aditivos que podem fazer com que o rendimento chegue à casa de 9%.

Baseado nesse valor, e considerando a alta de mais de 14% nas ações da Eletrobras, uma pessoa que optou por usar parte do valor que possui no FGTS para comprar ações durante a oferta teve um rendimento de mais de um ano e meio do fundo.

Esse resultado, segundo Viriato, é importante porque “ilustra realmente que, com a desestatização, os investidores estão mais confiantes que a empresa vai ficar mais eficiente e entregar mais resultados”.

Outra questão é que um “sucesso” inicial do investimento é um ponto positivo ao representar uma diversificação de portfólio de pessoas que tinham um valor investido em uma modalidade com rentabilidade menor.

Flavio Conde, analista de ações da Levante Investimento, ressalta que a alta da Eletrobras ocorreu apesar de sucessivas quedas do Ibovespa nas últimas semanas, com o índice prejudicado por um cenário doméstico e internacional negativos, de retirada de investimentos.

Isso aponta que a Eletrobras passou a produzir fatos específicos que atraíram os investidores com a capitalização. Por um lado, o mercado deixa de temer, e precificar, possíveis interferências do governo, que deixou de ser o acionista majoritário.

Além disso, Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV, afirma que a privatização indica uma tendência de crescimento de competitividade e eficiência a partir de uma reformulação de sua estratégia de negócios e mudança de diretoria.

“Logicamente, se isso ocorrer, a tendência é que a Eletrobrás tenha lucratividade maior, mas não é garantia”, observa.

Ainda no lado positivo, Teixeira avalia que o setor elétrico brasileiro tem uma perspectiva positiva no médio e longo prazo, já que o Brasil deve precisar cada vez mais de energia, com crescimento de demanda.

“É um horizonte positivo, de aumento de eficiência naturalmente acontecendo no setor, e levando provavelmente a um retorno maior para os investidores”, diz.

O otimismo com a empresa se reflete também nos valores alvo determinados por consultoras de investimentos. Conde, por exemplo, espera que a ação ordinária (ELET3) chegue a R$ 59,60 ao fim deste ano, uma alta de 48%.

Já o banco UBS BB tem um preço alvo de R$ 70, citando catalisadores de curto prazo como a definição de uma nova diretoria e redução de dívidas.

“Se o mercado continuar no nível que está, ou subir em direção aos 110 mil pontos, tem chance de chegar nesse nível”, afirma Conde sobre seu preço alvo atual.

O problema, segundo ele, é que o exterior tem trazido novos riscos de queda nas ações devido à desaceleração da economia dos Estados Unidos, o que pode levar a uma parada na tendência de alta da Eletrobras e impedir que ela chegue ao alvo.

Citando uma projeção da Bloomberg, Viriato afirma que, em 12 meses, a combinação da valorização da ação e outras rentabilidades apontam para mais de 30% de retorno, equivalente a pelo menos cinco anos de rendimento no FGTS.


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