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porto velho, sexta-feira 19 de setembro de 2025
BRASIL - O Laboratório de Restauro do Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou a recuperação das obras do acervo histórico e artístico que foram danificadas durante a invasão do dia 8 de janeiro, quando a sede da corte, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto foram invadidas por manifestantes extremistas.
O trabalho de restauro se concentra, nesta primeira fase, nos itens do andar térreo, onde fica o plenário, e posteriormente deve ocorrer nas peças que estavam nos demais andares do prédio. Entre as obras estão estátuas que foram trazidas para Brasília na década de 60 e estavam no Rio de Janeiro, na antiga sede do tribunal.
Uma das peças danificadas é um busto da Estátua da Justiça, localizada na entrada do plenário do Supremo. Ao ser jogada para a parte externa do prédio, o monumento sofreu danos na estrutura e está passando por restauração em partes metálicas.
Uma série de quadros históricos, pintados na década de 70, também foram alvos dos extremistas. Um deles foi rasgado com um objeto pontiagudo e está tendo a pintura refeita pela restauradora Gil Chaves, que está há quatro anos no Supremo e é especialista em pinturas.
"É um trabalho minucioso que tem de ser feito e com muito cuidado. Usamos uma tinta de qualidade, mas que é fácil de ser removida, para futuras restaurações. Se a gente usa uma tinta mais difícil de tirar, na próxima restauração pode ficar alguma mancha e danificar a obra original", diz ela.
Entre os três poderes da República, o Supremo foi a instituição que sofreu maiores danos. Até mesmo cadeiras históricas do plenário foram arrancadas e jogadas para fora do edifício-sede. Também foram danificados espelhos históricos e presentes enviados por reis e por governos de diversos países, artistas e museus de todo o mundo.
Os danos poderiam ter sido ainda mais severos caso os extremistas tivessem acessado o Museu do Supremo, que fica no subsolo. O gerente de restauro, Marcos Antônio de Faria, afirmou que se comoveu ao ver os danos.
"Quando chegamos no prédio vimos que tudo aquilo que a gente preserva no dia a dia estava quebrado
O estrago foi muito grande. Alguns itens não terão condições de serem recuperados, como os itens de cerâmica e louça, pois se estilhaçaram. Então, não tem como a gente reverter.
MARCOS ANTÔNIO DE FARIA, GERENTE DE RESTAURO NO STF
Os estragos nos demais andares da corte, com exceção do térreo, foram avaliados superficialmente e ainda vão passar por um processo de levantamento para saber o que pode ser restaurado. A corte ainda avalia o que será feito com os destroços do que foi totalmente destruído.
"Nós temos em torno de 25 a 30 itens de acervo que estão neste momento tendo essa prioridade de trabalho. Mas ainda é uma porcentagem pequena do que temos que fazer", afirma Marcos.