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    porto velho, segunda-feira 5 de maio de 2025

Estudantes da USP que sofreram golpe da formatura tentam parceria para fazer o evento

Alicia Muller ficou dias em silêncio e, ao ser procurada pela polícia, confessou que usou os quase R$ 1 milhão em gastos pessoais


R7

Publicada em: 21/01/2023 10:28:44 - Atualizado

BRASIL - Os alunos da turma 106 da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), vítimas de um desvio de quase R$ 1 milhão arrecadado para a festa de formatura, tentarão parcerias nas redes sociais para viabilizar o evento de conclusão de curso, prevista para acontecer em janeiro de 2024.

Os estudantes, que acabaram de ingressar no sexto e último ano da graduação, vinham pagando as mensalidades da festa desde 2019 mas descobriram no último dia 6 que a colega Alicia Dudy Muller Veiga, de 25 anos, então presidente da comissão de formatura, havia sumido com os R$ 937 mil arrecadados pelos 110 alunos que haviam aderido à comemoração.

    Em sua página no Instagram, a comissão declarou que está “reestruturando todo o projeto e pensando em saídas para viabilizar a realização da festa” e que fará “uso das redes sociais para buscar parcerias que possam auxiliar a tirar esse sonho do papel”.

    Nos comentários dessa e de outra postagem sobre o assunto, pelo menos três fornecedores de serviços relacionados a festas comentaram que enviariam uma mensagem privada para a comissão, indicando possível parceria: uma empresa de doces, uma de fotografia e um celebrante de eventos.

    Desvio bancou aluguéis de carro e casa

    A estudante Alicia Dudy Muller Veiga admitiu, em depoimento à Polícia Civil na quinta-feira (19), ter sacado o dinheiro da turma e relatou ter usado parte dele para pagar despesas pessoais como aluguéis de imóvel e de carro e um iPad.

    A estudante reforçou aos policiais a versão dada a colegas de que teria investido parte do dinheiro em aplicações financeiras e tido prejuízo. Segundo a delegada Zuleika Gonzalez Araújo, do 16.º DP (Vila Clementino), a jovem foi indiciada por apropriação indébita, crime com pena máxima de quatro anos de reclusão e multa. Ela responderá em liberdade.

    De acordo com informações da Secretaria da Segurança Pública (SSP), o dinheiro foi usado por Alicia para pagar, por exemplo, cinco parcelas de aluguel de um apartamento no valor de R$ 3,7 mil mensais e dez parcelas de locação de um carro, que saía a R$ 2 mil mensais. Somente essas duas despesas totalizam mais de R$ 38 mil.

    O depoimento durou cerca de quatro horas, período em que Alicia contou aos policiais que, em um primeiro momento, teria sacado o dinheiro da empresa Às Formaturas - contratada pelos estudantes para organizar a arrecadação - por desconfiar da gestão que estava sendo feita pela companhia.

    O primeiro saque, realizado ainda em 2021, foi no valor de R$ 604 mil. Com o dinheiro em mãos, Alicia pensou que poderia investi-lo, teve prejuízo e, no desespero de recuperar a quantia passou a fazer apostas em casas lotéricas.

    “Ela foi aplicando em ações e começou a obter prejuízo. Quando acumulou R$ 50 mil em prejuízo, no desespero, ela achou que apostando na loteria, ela poderia recuperar essa perda”, disse a delegada. Alicia ainda não apresentou à polícia os comprovantes das aplicações.



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