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porto velho, terça-feira 26 de novembro de 2024
RONDÔNIA - Para conhecer de perto a experiência implantada pela Apac, em Ji-Paraná, todos os participantes do workshop, no último dia do evento, 14 de novembro, em meio a um processo de imersão, permaneceram toda a tarde na unidade prisional, onde puderam conhecer o funcionamento das atividades internas dos regimes fechado e semiaberto.
A visita foi guiada pelos organizadores do evento que, detalhadamente, fizeram questão de mostrar aos visitantes todos os cômodos da unidade prisional, que atualmente tem 28 reeducandos no sistema fechado, e 20 no regime semiaberto. No local, ainda, foram proferidas duas palestras que trataram sobre a importância do envolvimento da área acadêmica e da sociedade na atividade da instituição e como se dá o trabalho de manutenção e funcionamento da Apac Ji-Paraná.
Durante a programação foi reservado um tempo para depoimentos da experiência de dois reeducandos que estão em processo de cumprimento de pena; um que está em regime fechado e outro que é egresso; este que está em livramento condicional atualmente desempenha a responsabilidade de cuidar da segurança do regime fechado da unidade da Apac no município.
Laborterapia
Os integrantes do workshop conheceram os trabalhos loborterápicos (produção de artesanatos) desenvolvidos pelos recuperandos que estão no regime fechado. Atividades como tapeçaria, toalhas de mesa, cortinas, técnicas de trabalhos em madeira, entre outros, tornam o tempo mais produtivo. Com essas atividades busca-se fortalecer a defesa dos direitos humanos e coloca a necessidade de novas práticas de humanização nas cadeias sem deixar de lado a finalidade punitiva da pena e, assim, evitar a reincidência no crime e proporcionar condições para que o condenado se recupere e consiga a reintegração social.
Quem participa dessa atividade é José Alves de Melo, de 58 anos, que está no regime fechado há dois anos pela prática de crime de homicídio. Ele aprendeu a produzir suporte para louças e panelas, utilizando como matéria-prima o uso de sementes de açaí. “Aqui, o trabalho é diferenciado. Nós todos fazemos alguma atividade, ninguém fica parado, cada um tem sua função. Aqui eu tive a oportunidade de aprender com os voluntários que nos ensinam vários tipos de artesanatos. No sistema comum não tem isso. Aqui nós somos olhados de uma outra maneira, aqui temos crachá e somos chamados pelo nosso nome, e não por apelido. Então, estamos para pensar na mudança, o que não se pensa aqui é em crime”, disse.
No encerramento do workshop houve a apresentação do coral, formado pelos próprios reeducandos, que executaram quatros canções, sendo uma de autoria do tecladista, também reeducando.
Novas Apacs em Rondônia
Segundo dados da Corregedoria-Geral de Justiça do Estado, a metodologia da Apac está em fase de implantação em algumas comarcas de Rondônia depois da experiência implantada pela Apac de Ji-Paraná. Os trabalhos estão em andamento em Vilhena; Ariquemes e Cacoal estão em fase de implantação; Colorado do Oeste, em fase de regularização documental.