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porto velho, quarta-feira 27 de novembro de 2024
Quando você cresceu levou os seus sonhos com você ou deixou-os pelo caminho? No mês das crianças, uma história real e inspiradora foi parar nas páginas do livro infantil “Quando eu crescer eu quero ser...”. Nele, o sonho de criança de Victor Ramos, de ser enfermeiro, é contado pelas irmãs gêmeas Eduarda e Helena, de 12 anos, criadoras do projeto Pretinhas Leitoras. O sonho de cursar a graduação de Enfermagem para cuidar bem das pessoas se tornou realidade para Victor Ramos da Silva. Na adolescência, ele sofreu um acidente e precisou ficar internado. Diante de todo o acolhimento e cuidados que recebeu da equipe de enfermagem, decidiu que trabalharia na área da saúde para também poder ajudar outras pessoas. “Foi graças ao atendimento humanizado que recebi no hospital que resolvi cursar uma faculdade”, destaca. Hoje, com 24 anos, ele é estudante do terceiro período do curso.
Victor vivia em Astolfo Dultra, uma cidade de Minas Gerais. Como não tinha dinheiro para pagar a faculdade, contou com a bolsa de estudo do Educa Mais Brasil e, assim, se matriculou na Unipac. Atualmente, trabalha em um hospital na cidade de Rodeiro, município mineiro. Nessa pandemia, atua na linha de frente contra o coronavírus. “Para mim, enfermagem sempre foi a melhor escolha. Com a pandemia pude ver ainda mais o quanto somos essenciais na vida das pessoas. Mesmo que o mundo esteja em colapso, precisamos estar lá, dando força e lutando contra as doenças. Sem dúvida, escolheria enfermagem de novo, eu gosto de mais do que faço”, conclui.
Victor se sentiu lisonjeado com o convite do Educa Mais Brasil para que sua história virasse o primeiro livro digital do projeto “Quando eu crescer eu quero ser...”, idealizado pelo Educa Mais Brasil. “Fico muito feliz em compartilhar minha história. Que isso possa motivar outras pessoas a estudar e ter paixão na profissão que exercem”, deseja. Você poderá acompanhar na íntegra essa e outras histórias, reais e inspiradoras, nas redes sociais do Educa Mais Brasil.
Pretinhas leitoras
O projeto Pretinhas Leitoras foi oficializado em 2018, mas antes as gêmeas Eduarda e Helena Ferreira já realizavam rodas de conversa de incentivo à leitura. Em 2015, quanto tinham 9 anos, as irmãs nascidas no Morro da Providência (RJ) tiveram a ideia de compartilhar dicas para se manter em casa com segurança, já que o entorno da sua comunidade não era um local seguro por causa da violência urbana. “Eu me preocupava com as crianças que iam para a escola e os adultos que iam para o trabalho, tinha receio de que fossem vítimas da violência na rua”, destaca Helena.
Inicialmente, elas criaram o projeto com o nome de Rodas de Leitura, para que mais crianças tivessem uma distração em casa. E a leitura possibilitou esse objetivo. No canal do Youtube, com quase 30 mil inscritos, leitura e racismo são temas principais das Pretinhas Leitoras. As gêmeas carregam o slogan: “Por uma educação antirracista”.
Apesar da fama no Instagram, Helena e Eduarda apostam na educação como a melhor saída para superar os obstáculos. Filhas de professora, as irmãs são caprichosas com os estudos e já escolheram a carreira que pretendem trilhar. Helena quer ser juíza e Eduarda sonha em ser veterinária. Enquanto a faculdade não chega, elas gostam de dar exemplo positivo para outras crianças nas redes sociais. “Se eu for professora quando eu
crescer, vou ensinar tudo para as crianças crescerem com sabedoria, vou ensinar sobre igualdade de direitos sociais e classes, que estou começando a entender o que é”, afirma Helena, entusiasmada.
Apaixonadas pela leitura, as gêmeas consideram sua maior conquista o lançamento do livro Fa-vê-Las, Infâncias e Territórios em Registros, que foi escrito em produção coletiva com 100 crianças de cinco comunidades do Rio de Janeiro. Fruto da parceria do projeto Pretinhas Leitoras com o Instituto Entre o Céu e a Favela, em breve, 1500 exemplares estarão disponíveis em escolas e bibliotecas cariocas. “Fomos criando expectativas e indo além. Fomos juntando crianças e vendo que elas queriam escrever um livro, se transformar em autoras também. Isso é uma grande vitória para a gente”, celebra Eduarda.