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porto velho, domingo 24 de novembro de 2024
A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar o segundo-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues, preso na semana passada com 39 quilos de cocaína ao desembarcar em Sevilha, na Espanha. O objetivo da investigação é apurar eventuais ligações do militar com narcotraficantes e as circunstâncias que propiciaram a obtenção da droga.
Rodrigues, que é comissário de bordo, fazia parte de uma equipe de 21 militares que prestava apoio à comitiva que acompanhou o presidente Jair Bolsonaro na reunião do G-20, no Japão. O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) em que estava o militar é usado como reserva da aeronave presidencial e, portanto, ele não fazia parte do mesmo voo que transportou o presidente durante a viagem.
A investigação está sob responsabilidade da Superintendência Regional da Polícia Federal do Distrito Federal.
Um dos caminhos dos investigadores será a análise das movimentações financeiras de Rodrigues. Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, a PF ainda estuda medidas que podem vir a ser requisitadas à Justiça com esse objetivo, como a quebra do sigilo bancário do militar.
A primeira apuração aberta sobre o caso no Brasil foi a da própria Aeronáutica, que instaurou um inquérito policial militar na semana passada. A investigação corre sob sigilo.
Não há impedimento na legislação militar para apuração do crime, mesmo o sargento estando em território estrangeiro. A droga foi encontrada pela Guarda Civil da Espanha ao vistoriar a bagagem de Rodrigues no aeroporto de Sevilha na terça-feira da semana passada. Desde então, o sargento segue preso na cidade espanhola.
Uma equipe da Aeronáutica vai à Espanha para interrogar o sargento. Segundo afirmou o presidente Jair Bolsonaro após se reunir na terça-feira, 2, com os ministros da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, a suspeita é de que Rodrigues já tenha transportado entorpecentes em outras ocasiões. "Todos nós achamos que não é a primeira vez que esse militar mexeu com drogas", afirmou o presidente logo após o encontro.
Na semana passada, o vice-presidente, Hamilton Mourão, chegou a chamar Rodrigues como uma "mula qualificada" - termo usado para pessoas pagas por traficantes para transportar droga.
Imóvel
Além do tráfico de entorpecente, Rodrigues é alvo de um processo administrativo aberto pela Aeronáutica para apurar possíveis irregularidades na ocupação de um imóvel funcional por sua ex-mulher. O apartamento está localizado na Asa Sul, em Brasília.
A reportagem esteve no condomínio e, de acordo com vizinhos, o sargento sempre aparentou ser um homem simples, que nunca demonstrou ter uma vida de ostentação.
Conforme o jornal mostrou, o sargento devia até meados de junho o condomínio de um apartamento em Taguatinga, no entorno de Brasília, do qual é proprietário. Ele pagou o débito de R$ 1.381,25 - referentes a três mensalidades - após ter sido cobrado judicialmente.
Vídeo
A Força Aérea Brasileira instaurou procedimento para apurar vídeo de um ex-soldado que chama a instituição de "Força Aérea da Biqueira". As imagens mostram um jovem com uniforme fumando cigarro em um espaço militar. A FAB disse que as pessoas presentes no vídeo não fazem mais parte da instituição, mas não deu mais detalhes. "Biqueira", na linguagem popular, é o nome dado ao ponto de comercialização de drogas.
Perguntas e respostas
1.Quem é o militar preso?
Manoel Silva Rodrigues é um segundo-sargento da Aeronáutica. Já realizou, desde 2015, pelo menos 29 viagens - voou em comitivas do presidente Jair Bolsonaro, de Michel Temer e de Dilma Rousseff. O sargento integrava grupo de 21 militares que acompanhava a viagem de Bolsonaro ao Japão, onde o presidente participaria do G-20.
2. O militar estava no avião de Bolsonaro?
O avião em que estava o militar é usado como reserva da aeronave presidencial. Portanto, a comitiva da qual ele fazia parte não estava no mesmo avião que transportava Bolsonaro e que decolou em 25 de junho de Brasília.
3. Como foi feita a detenção?
Rodrigues foi preso durante uma averiguação aduaneira de rotina no aeroporto de Sevilha. A aeronave da FAB que transportava o militar fazia uma escala na cidade espanhola, de onde seguiria para o Japão. De acordo com o jornal espanhol El País, ao abrir a mala de mão do passageiro, os agentes encontraram 39 quilos de cocaína.
4. O que disse o governo sobre o caso?
A FAB informou que um Inquérito Policial Militar apura o episódio. "Apesar de não ter relação com minha equipe, o episódio é inaceitável. Exigi investigação imediata e punição severa ao responsável", afirmou Bolsonaro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.