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porto velho, terça-feira 26 de novembro de 2024
BRASIL: Depois de empresário, a segunda ocupação mais comum entre os candidatos nas eleições deste ano foi a de advogado. O número de causídicos inscritos no pleito foi 2.049, o que representou 7,22% do total — há quatro anos, foram 6,27% (1.823 candidatos). E eles tiveram altos e baixos.
Na disputa da Presidência da República, os operadores do Direito não se deram bem. Ciro Gomes (PDT), José Maria Eymael (Democracia Cristã), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil) são advogados de formação e ficaram pelo caminho.
Melhor sorte tiveram Cláudio Castro (PL), reeleito governador do Rio de Janeiro em primeiro turno, e Ibaneis Rocha (MDB), ex-presidente da seccional do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, que também foi reeleito no DF.
Em São Paulo, Fernando Haddad (PT) vai disputar o segundo turno da eleição para governador, assim como os bacharéis em Direito Eduardo Leite (PSDB), no Rio Grande do Sul, Marília Arraes (Solidariedade) e Raquel Lyra (PSDB), ambas em Pernambuco.
No Congresso
Centro do poder político brasileiro, o Congresso Nacional é a fábrica das leis que moldam o cotidiano dos cidadãos. Nesta eleição, a revista eletrônica Consultor Jurídico publicou a série de entrevistas Candidatos Legais, em que sabatinou profissionais do Direito que se candidataram a senador ou deputado federal. O objetivo era mostrar ao leitor como esses representantes da comunidade jurídica avaliam a produção legislativa brasileira e conhecer suas propostas.
Foram entrevistados os candidatos a deputado federal Fernando Capez (União Brasil-SP), promotor e ex-diretor do Procon paulista; Ricardo Lodi (PT-RJ), tributarista e ex-reitor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro; e Augusto de Arruda Botelho (PSB-SP), criminalista, que não foram eleitos.
Paulo Teixeira (PT-SP), advogado e integrante da Câmara desde 2007, teve melhor sorte e foi reeleito. Já Ricardo Salles (PL-SP), advogado e ex-ministro do Meio Ambiente, foi o quarto candidato a deputado mais votado do estado, com 640 mil votos.
Miro Teixeira (PDT-RJ), advogado e jornalista que buscava seu 12º mandato na Câmara, não foi eleito, assim como Orlando Zaccone (PDT-RJ), delegado de Polícia Civil; Sérgio Santos Rodrigues (Podemos-MG), advogado e presidente do Cruzeiro Esporte Clube; e Marcos da Costa (Avante-SP), ex-presidente da seccional paulista da OAB. A candidata a senadora Janaina Paschoal (PRTB-SP), professora de Direito Penal da Universidade de São Paulo, também não teve sucesso.
Por outro lado, o ex-juiz federal Flávio Dino, que já governou o Maranhão, foi eleito para o Senado pelo PSB. Integrantes do mesmo partido, o professor de Direito Alessandro Molon e o advogado Márcio França buscaram ser senadores por Rio e São Paulo, respectivamente, mas não se elegeram.
Outro ex-magistrado que postulou uma vaga no Senado foi Odilon de Oliveira (PSD-MS), cuja trajetória inspirou o filme "Em nome da lei". Apesar do apelo cinematográfico, porém, ele não foi eleito.
Em São Paulo, o ex-presidente do Tribunal de Justiça Ivan Sartori (Avante) tentou uma cadeira na Câmara dos Deputados, mas não obteve sucesso. A ex-promotora Gabriela Manssur (MDB) também ficou pelo caminho. O promotor licenciado Carlos Sampaio (PSDB), por sua vez, foi eleito.
Advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef (PL-SP) foi candidato a deputado federal pela primeira vez e não se elegeu. O ex-presidente da seccional fluminense da OAB, Wadih Damous (PT-RJ), desejava voltar à Câmara dos Deputados, onde foi crítico ferrenho do lavajatismo, mas também não conseguiu.
Lavajatistas
Por falar em "lava jato", ex-integrantes da autodenominada força-tarefa tiveram sucesso nas urnas. O ex-juiz e ex-ministro da Justiça do governo de Bolsonaro Sergio Moro (União Brasil-PR) foi eleito senador pelo Paraná. E ele conseguiu impulsionar a candidatura de sua mulher, Rosângela Moro, que foi eleita deputada federal por São Paulo.
Um dos personagens mais histriônicos do lavajatismo, o ex-produrador Deltan Dallagnol, foi o deputado federal mais votado pelo Paraná. Embevecido pelo triunfo eleitoral, Deltan bradou que a "lava jato" tinha "ressurgido das cinzas" em vídeo compartilhado com seus seguidores.